segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Inteira em minha mente

Mote dos Nonatos sugerido pela Lara Moura:

DE QUE VALE RASGAR O SEU RETRATO
SE VOCÊ TÁ INTEIRA EM MINHA MENTE.



Passa o tempo, pulsando inevitável
E passando atropela o tal depois
Onde estava o sonho de nós dois
Esperando um cenário mais estável
Eu já sei que voltar não é viável
Que você não me vê no seu “a gente”
Mas meu cerne é tinhoso e displicente
E hoje mesmo sonhou-te em novo ato
DE QUE VALE RASGAR O SEU RETRATO
SE VOCÊ TÁ INTEIRA EM MINHA MENTE.

Quando chove, eu de noite em minha alcova
Sobre a cama o sono não me chega
Pois lembrando de tu, minha burrega,
Um cansaço não tem que me envolva
Não que a chuva te lembre, pois que chova,
É que o frio que ela trás, de envolvente,
Faz lembrar-me teu corpo tão ardente
Envolvendo meu corpo estupefato
DE QUE VALE RASGAR O SEU RETRATO
SE VOCÊ TÁ INTEIRA EM MINHA MENTE.

De que vale não ter mais a lembrança
De uma foto contendo o rosto teu
Se de noite no mundo de Morfeu
Tua face ainda me alcança
De que vale espancar a esperança
Se ela só vai morrer depois da gente
De que vale fingir estar contente
Se a tristeza perene em mim é fato
DE QUE VALE RASGAR O SEU RETRATO
SE VOCÊ TÁ INTEIRA EM MINHA MENTE.

Timbaúba, 24/01/2011.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Nas olheiras pesadas da revolta

Mote o poeta Alexandre Morais passado pela poetisa Mariana Teles:


Vou botar uma gota de esperança

Nas olheiras pesadas da revolta




Vou fazer-me humano de verdade

E lembrar que não sou só eu no mundo

Trabalhar pra limpar o que é imundo

E lustrar o que ostenta austeridade

Vou ter fé que um dia a igualdade

Vai valer sobre tudo a nossa volta

Nessa angústia que teima e não me solta

Nesse mundo que torto se balança

Vou botar uma gota de esperança

Nas olheiras pesadas da revolta

.

Timbaúba, 23/01/2011.

Uma parelha do estopô

Nossa parceria se dá assim: eu sofro e sofrendo invento; ela canta e cantando embeleza esse sentimento...


Bruna Alves, uma parelha do estopô!

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Clique aqui para ouvir a música Quando voltares na voz da Bruna

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

...E se?



Se a gente se encontrasse
Daqui a cinquenta anos
Ostentando os desenganos
Nas rugas de nossa face
E se a gente se olhasse
E se a gente ali se visse
Uma setentona “misse”
E um poeta aposentado
Será que todo passado
Pareceria tolice?

Ou será qu’eu sentiria
Bem ali naquele instante
Que minha vida foi errante
Sem a tua companhia?
Será qu’eu perceberia
Que você não foi mais uma
Que passou como uma bruma
Nebulosa e envolvente.
Eu não sei, só sei somente
Que o presente é quem nos ruma...

E se a gente se topasse
Que diferença faria
Se o tempo não deixaria
Qu’eu contigo regressasse
A nossa história mudasse
Nossos erros resolvesse
E o nosso amor revivesse,
Mas só que o tempo não deixa
E é por isso que essa queixa
Nunca há de responder-se!

Afinal, somos humanos
Só Deus é onisciente
E o futuro é um delinquente
Que sempre foge dos planos
É muito cinquenta anos
Não tem como adivinhar
E eu prefiro não pensar
Pois se a gente se rever
Juro por Deus não saber
Como iria me portar!

Timbaúba, 19/01/2011.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Soneto da Alma Morta



Quando você saiu, batendo a porta,
Levou consigo a chave do meu ser
E sem a luz do riso que o conforta
Minh’alma foi deixando de viver.

Até tentei seu brio reacender,
Mas por não te esquecer, a chama torta
Morria antes de me arrefecer,
Até que a minh’alma acordou morta.

Morreu sozinha, quase esquecida,
Sem ter no riso teu sua comida,
Sedenta por um gole de amor.

Morreu tão magra, tão subnutrida,
Que o chão da cova que lhe deu guarida
Não serve pra nascer nem uma flor!

Timbaúba, 17/01/2011.

Deixa eu pensar que sonhei



Quando quiser me deixar
Não me motive viés
Saia na ponta dos pés
Assim que o dia acordar

Procure não se explicar,
Sem me amolar não me explore
E simplesmente evapore;
Suma, assim, sem me alertar.

Só não me faça ciente
Que foi insuficiente
Todo amor que eu te dei.

Quando quiser me deixar
Suma, assim, sem me avisar
Deixe eu pensar que sonhei!

Timbaúba, 16/01/2011.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Não tive amores, sonhei-os!

Mote retirado do livro de Otacílio Batista “Os três irmãos Cantadores”:

Não tive amores, sonhei-os,
Mas possuí-los, não pude!




Eu escrevo e quem me lê
Vendo meu padecimento
Saboreia o vão tormento
Que aflige esse meu ser
Bem queria não querer
Mas querer é inquietude
Eu sofro na amplitude
Do querer desses meus veios
Não tive amores, sonhei-os,
Mas possuí-los, não pude!

Tudo isso começou
Já nos tempos do colégio
Quando o primo sortilégio
Do amor me encantou
Porém logo mais mostrou
Sua face vil que ilude
E nessa similitude
Lá se foram meus recreios.
Não tive amores, sonhei-os,
Mas possuí-los, não pude!

Da sofrida experiência
Escolado sofredor,
Desiludido no amor
Eu entrei na adolescência
Mas amar é minha essência
É minha magnitude,
E assim, na juventude
Como um caminhão sem freios
Não tive amores, sonhei-os,
Mas possuí-los, não pude!

Quando então fiquei adulto
Enfim fui correspondido
E num ato desmedido
Mergulhei no novo indulto
Mas este foi outro vulto
Que perdeu sua virtude
Me atirando num talude
Doutro sonho sem esteios
Não tive amores, sonhei-os,
Mas possuí-los, não pude

Hoje quem quer ter culhões
Pra ganhar de mim no amor
Tem que ser um portador
De ao menos dois corações:
Um só pras novas paixões
Que nos enchem de saúde,
Outro pro amor que ilude
Qual chupeta frente aos seios.
Não tive amores, sonhei-os,
Mas possuí-los, não pude!

Timbaúba, 12/01/2011.

domingo, 9 de janeiro de 2011

O mundo do fundo do mar



Se no fundo do mar o grande Mestre
Fez um mundo tal qual na terra enxuta
S’emparelha o marinho e o terrestre
Tudo espelha, em nada se disputa
Um coral é montanha, é morro, é serra;
As conchinhas são barro, areia ou terra;
Os crustáceos, terrestres animais.
Já os peixes nadando, a levitar,
São os seres alados a voar
Entre as nuvens de bolhas e de sais!

As correntes de água são os ventos
Renovando o céu de lá do mar
E os navios, com seus cascos truculentos
Pelo cosmos do mar a flutuar,
São ETs que aparecem sem recado;
Objeto não identificado
Que trafega no alto desse céu,
Quando o louco siri ufologista
Se enterra , mirando bem a vista
Pra não ser “biduzido” pro dedéu!

Tubarão é a águia do oceano;
A moréia é serpente perigosa;
A jubarte um estranho pelicano;
O sargaço, floresta bem frondosa ;
Uma arraia, morcego mais crescido;
Uma ostra, tatu sempre escondido;
Caranguejo, animal avacalhado
Que andando de lado sem parar
Sai com duas tesouras pelo mar...
Deve ser alfaiate esse coitado!

Só difere do mar aqui pra terra
Que nenhuma espécie faz chacina,
Que no ciclo o mais fraco se encerra
E o mais forte num outro se termina.
É seguido o preceito natural:
Nem um Ser quer ser mais especial;
Todos têm seu espaço, todos comem;
Nem um Ser quer o mundo dominar;
Nem um Ser pensa ser o rei do mar;
Nem um Ser se parece com o homem!

Timbaúba, 09/01/2011.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Nas Brenhas de Timbaúba


Entardecer visto da budega de Seu Nado, no pé do cercado da fazenda de Filipe


Timbaúba, 02/01/2011.