segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Aos cegos!



De repente me vi triste
Numa tristeza tão crua
Que constatei que consiste
Do que vi ontem na rua.
Nem foi tanto pela cena
Da criança tão pequena
A dormir numa calçada;
Fiquei triste mesmo quando
Vi as pessoas passando
Como que não vissem nada!

Belo Jardim, 29/08/2011.

Outra quase Santa



No dia que deu por gostar de Leléu,
Tereza de Joca perdeu-se na vida;
Vestiu um vestido, se fez esculpida
Soltou seus cabelos, ficou um pitéu;
Querendo o pecado esqueceu-se do céu
Chegou em Leléu e danou-lhe um olhar
Que, vixe Maria, Leléu sem piscar
Sumiu com Tereza detrás duma planta
E lá se perdeu outra quase que Santa.
Tem vaga no céu e ninguém pr’ocupar!

Belo Jardim, 29/08/2011.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A falta qu'ela me faz



Todo dia eu me acordo
Com o peito só metade
Bebo um gole de saudade
Me engasgo e me transbordo
Toda vez que me recordo
Do seu beijo tão mordaz
Lá se vai a minha paz
Ganho mais é outro arranho
SÓ DEUS SABE DO TAMANHO
DA FALTA QU'ELA ME FAZ!

Belo Jardim, 25/08/2011.

Uma dedada de poesia no fiofó do juízo

Hoje cá estou, morando em Belo Jardim e estagiando numa das maiores fábricas de acumuladores do mundo (maior da América Latina). E se estou aqui, devo este fato a uma certa dedada de poesia que dei no fiofó do meu juízo.

Digo isso porque fui doido ao ponto de chegar de cara com os gestores do grupo MOURA e fazer uma apresentação em formato de poesia (quadras). Foi assim que dei essa tal dedada de poesia no boga do meu juízo, uma dedada tão certeira que cá estou.

Já faz tempo desse fato ocorrido, mas só agora decidi espalhar o fuxico. Deixo logo abaixo as quadras que declamei, para os gestores, na forma de auto-apresentação quando fiz a seleção de estágio. E aproveito também pra pedir desculpas e compreensão pela falta de constância nas postagens que hão de vir.

Agora a vida está me fazendo mais engenheiro que poeta...

Abraço a todos,
Jessé Costa

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Sou filho de Timbaúba
A princesinha serrana
Ontem terra dos calçados
Hoje da rede e da cana

Sou o neto de Seu Costa
Homem de garra e valor
Que desde cedo na luta
Tornou-se um grande pintor

Sujeito de mente vasta
Que aprendeu a ler sozinho
Homem de alma or-concur
Dele eu imito o caminho!

Sou o caçula de “Bel”
E o mais novo de Jessé
Ele um exemplo de força
Ela um exemplo da fé!

Desde de pequeno inquieto
Um menino buliçoso
Devo tudo que hoje sei
Ao meu “porquê?” curioso

Eu me divirto com tudo
Fã de uma boa conversa
Mas se algo não me agrega
Pra lazer não me interessa!

Que ao sair de Timbaúba
Fui buscar na capital
Condições pra alcançar
Meu maior potencial!

E não tou pra brincadeira
Que só se vive uma vez
Tou buscando nessa vida
Fazer o que ninguém fez

Acredito ser capaz
Proativo e criativo
Engenheiro para o mundo
Pra melhorar onde vivo!


João Pessoa, 18/05/2011.

domingo, 14 de agosto de 2011

Causo: Manezinho "chêi" de onda



Manezinho, "chêi" de onda
Conversador de lorota
"Contadorzin" de vantagem
Que a todos julga idiota
Um “sem tempo pra pirraça”
Que o povo diz, quando passa:
“Lá vai aquele derrota!”,
Terminou mordendo a língua
E agora tá na míngua
Sendo alvo de chacota!

Pois, “antonte”, o afamado
Que de tanto tá na rua
Falando da vida alheia
Esquecendo-se da sua,
Se passou por um vexame
Que nunca mais deu ditame
Na vida de nenhum Zé
Do “tamãe” do tiro errado
Que Mané deu enganado
No peito do próprio pé!

Pois que o dito era corno
Só ele que não sabia
Mas também querer o que
Se não mais comparecia?
E até aí tudo bem:
A mulé dando o xerém
Pr’os "Boyzin" tarado e novo
E "Manezin" pelas praças
Tripudiando as desgraças
Que descobria do povo!

Mas porém, no mês passado
Tava ele na calçada
Conversando sobre a chuva
E a Nega já abusada
Quando Biu-língua-de-foice
Fofoqueiro de dar coice
Vinha passando na hora
E me contou que a mulé
Deu de luva em Mané
Como eu já vos digo agora:

"Manezin" falando alto
Pra dizer que é bom de peia
Disse: eu queria mesmo
Qu’esse rio desse uma cheia
Pra sair levando “os corno”
Pr'um caminho sem retorno
Pra nenhum aqui ficar.
E a mulé disse irrequieta:
Manezinho, tu se aquieta
Que tu não sabe nadar!

Ele disse: Ouxe, mulé
Que conversa errada é essa?
E Ela disse: Ah, Mané
Lhe sou gaieira confessa
E “dos corno” que aqui tem
Tu não perde pra ninguém
E nem venha com dissídio
Que querendo mal a corno
Você deseja o transtorno
De cometer suicídio!

Eita tomada de rabo
Lascou-se bem na emenda
E Biu tratou de dar cabo
Espalhando essa contenda
Já Mané, do embaraço,
Na praça virou palhaço
Nenhuma moral lhe resta
E se alguém fala de corno
Tenta esconder o adorno
Que a mulé lhe põe na testa!

Timbaúba, 14/11/2011.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Testamento de um sonhador frustrado



Quando me for, moribundo,
Caso algum desocupado
Do meu legado no mundo
Queira fazer fuxicado
Pode assim o condensar:
Nasceu vivo e foi lutar
Pra, quem sabe, ser alguém,
Mas vendeu a alma à-toa;
Foi até boa pessoa
Mas morreu sem ser ninguém!

Belo Jardim, 10/08/2011.

sábado, 6 de agosto de 2011

Predúdio de um algo novo



Tal passarinho que, enfim,
Quebra a casca e sai do ovo;
Tou eu, em Belo Jardim,
Descobrindo um mundo novo.
Vim pr'aqui porque queria
Exercer engenharia
Pr'o planeta melhorar
E tal esse passarinho
Sei que demora um tempinho
Mas eu sei que vou voar!

Como sonho em voar bem
Seguirei com paciência.
Com o tempo o tempo vem,
Afoiteza é imprudência.
Hei de m'espelhar na cena
Do beija-flor que, sem pena,
Leva um tempo pra voar;
Porém, quando empluma o peito,
Faz o voo mais perfeito;
Sabe até parar no ar!

Belo Jardim, 06/08/2011.