domingo, 30 de março de 2008

O Engenheiro e a Doutora

Pobre engenheiro calculando a moça
E ela doutora querendo o curar
No forró da vida, nessa coisa louca
Os despreparados podem se lascar


Foi quando a sanfona do tempo gemeu
E à hora da vida parou pra eles dançar


Eu todo capenga olhando as arestas
No meio da festa e querendo farrar
E tu galeguinha quebrou minha inércia
Tu quando me olhou gaguejou meu falar


Foi quando a sanfona do tempo gemeu
E à hora da vida parou pra nós dançar


Já eu, boa moça, gosto do que presta
Gostei de você, eu num posso negar
Mas bora dançar, vamos curtir a festa
Tou contando as horas pra tu me beijar


Foi quando a sanfona do tempo gemeu
E à hora da vida parou pra nós dançar

(Jessé Costa)

sábado, 29 de março de 2008

Estrela Cadente

Já...claro.
Quem nunca fez pedido pra uma estrela?


Menino buxudo na beira da praia
Na beira da praia olhando pra riba
A lua alumeia o menino e espaia
Um brilho noturno à procura de briga


Mas esse menino sozinho arrepara
O brilho de uma estrela no céu se altiva

Menino buxudo na beira da praia
Fazendo pedido à estrela cativa


Estrela cadente caindo da malha
Menino escangalha o desejo e suspira
Pois sabe que o brilho da estrela não falha
O menino, a estrela, o desejo e sua vida


(Jessé Costa)

quinta-feira, 27 de março de 2008

Circo de um real










Neste circo tem de um tudo:
Tem trapezista com medo de altura
Bailarina, mulher barbada, contorcionista
Leão tomando leite em mamadeira
Tem urso que mais parece um cachorro magro
Macaco andando em bicicleta de rodinhas
Tem globo da morte sem morte
Homem bala levando pipôco no fundo
Tem corda bamba de concreto
Mágico com cartola furada
E até algumas palhaçadas.

Senhoras e senhores
Sejam bem-vindos ao circo de um real
A lona é furada
Mas a noite está clara
Lá dentro lhes aguarda o palhaço mais palhaço do mundo!
(Jessé Costa)

quarta-feira, 26 de março de 2008

Forró Bom da Gota

Chego numa sala de reboco
O zabumbeiro tá com o diabo no couro
E o forró tá com a gota serena..

Tava faltando só eu mermu!

Ouxe morena, tá me olhando puquê?
Gostou foi?
Então se aproxêgue aqui..
Ixxe que seus zóinhos me cativaram
Vamu ali tomar uma lapadinha?

Eita que a noite tá é bonita eihn?
Arrepare na Lua tucaianu nós dois..
Ai ai morena que tu arritmiou meu coração
Rrumbora pra um lugar mais escurinho, vamu?

Eita forró bom da gota!

Era a zabumba dando o rítmo
O sanfoneiro só no miado do gato
O triangueiro no telengo-tengo
E a moreninha sussurranu em meus zuvido!


(Jessé Costa)

terça-feira, 25 de março de 2008

Sete

Tenho sete sorrisos diversificados:
  1. Quando a imagino
  2. Quando a vejo
  3. Quando brigamos
  4. Quando escuto suas reclamações
  5. Quando fazemos as pazes
  6. Quando ela sorri
  7. Quando sorrimos juntos

Tenho sete dúvidas encontradas:

  1. Estava ali?
  2. Sonhei?
  3. Percebi?
  4. Perpassei?
  5. Conheci?
  6. Consegui?
  7. Conquistei?
Tenho sete desejos despertados:
  1. De falar
  2. De se abrir
  3. De beijar
  4. De sorrir
  5. De amar
  6. De estar
  7. E sentir!


(Jessé Costa)

sábado, 22 de março de 2008

Gosto das Nordestinas

Gosto das mulheres fortes
Que nem a sertaneja com doze barrigudinhos a criar!

Gosto de mulheres difíceis
Como achar nota de 50 reais no chão em mêi de feira!

Gosto de mulheres sabidas
Feito o pastor que diz: me dê agora que Deus lhe paga!

Gosto de mulheres doces
Como uma chuva de caju que cai no calor de novembro!

Gosto de mulheres belas
Como um vento bem forte num pasto bem grande!

Gosto das mulheres Nordestinas
Aquelas que são fortes, difíceis, sabidas, doces e belas!


(Jessé Costa)

Beijo Completante

Daria tudo por um beijo
Não um beijo “aguardente”
Daqueles que é só desejo
O qual se dá em qualquer gente

Quero um beijo completante
Desses que nos preenche
Que enche o peito de alegria
Que deixa o sujeito demente

Só que um beijo desse jeito
Não se ganha facilmente

Então o que aconteceria
Se eu te beijasse de repente?


(Jessé Costa)

sexta-feira, 21 de março de 2008

Ode a meu Avô

O mundo é uma bodega pequena e sortida,
mais dias ou menos dias a gente se encontra..


E se talvez um dia, passando
pelas prateleiras do amor
Eu encontrar metade da mulher
que meu avô encontrou

Que me dê carinho
e muitas provas de amor
Não se esquecendo de ter um mói de filhos
E que sejam tudo douto

Aí sim no final da vida
Eu deixo esse mundo de cabeça erguida
Pois eu fui metade do que foi meu avô!


(Jessé Costa)

Na Escola da Vida

O futuro a Deus pertence
A minha mãe já dizia
Se a gente soubesse o canto
Onde o amor faz vigia
Era por esses caminhos
Que todo mundo iria

Pois sorte teve meu pai
que quando na escola entrou
lá pelos lados dos estudo,
dos livros ele encontrou
uma professorinha bela
e num é que foi por ela
que o peste se apaixonou!

A professorinha bela
Ensinava-lhe a história,
E ele todo sem demora
Danava-se a aprender..
Porém era a aprender
A galantear a senhora
E em seu ouvido com uma história
fez ela se derreter..

Pois o amor sem aviso
Chega de manso e solapa
Do coração indefeso
Quebra a armadura e rasga a capa
E dessa teia cruel
Nenhuma pessoa escapa

E é por isso que eu vou dizer
E quem quiser que ache ruim
Não há um sujeito de sorte
Pra ter sorte igual a mim
Pois ainda tenho até a morte
Pra encontrar o meu amor
E lhe contar uma história assim..


(Jessé Costa)

Bodas de Prata

Eu não vou poder falar
Dos vinte e cinco anos de casados
Pois nasci em oitenta e sete
E além de novo sou mêi tapado

Por isso vou lhes dizer
Em forma de recital
O tiquím que eu conheço
Desse tão belo casal

Tanto ele quanto ela
São feito imã quebrada,
Que quando um tá virado
Os dois num se entendem em nada

Por isso arreparem bem
Com esse amor é louco
Hora são imã quebrada
Hora a parede e o reboco

Pra bem dizer eles dois
São feito a o pincel e a tinta
Tal qual a cera e o trapo
Sem um o outro não limpa

Pensar em um sem o outro
É coisa que não conjumina
Feito telhado sem telha
Que nem pintor sem resina

Como tiro dado sem bala
E matador sem a quem matar,
Feito coice dado no vento
E o controlador desatendo
Aos aviões do radar

Por isso sem arrudeios
Só vim aqui pra contar
Que a matriz do meu amor
Só tem duas filiá

Seu Jessé e Dona Izabel
Que vivem nessa Babel
Hora sem se entender
Mas sempre a se amar!!!


(Jessé Costa)

A Papoula

foi num sorriso de bochecha
que um dia busquei inspiração
pra escrever este versinho
dando voz ao coração...

.
O seu sorriso faceiro
Me bochecha e me colora
Nesse teu jeito matreiro
Alguma coisa me sonora
E eu em formato de doido
Esqueço o dia e a hora.
.
(Jessé Costa)