quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Mostraste-me direitinho













Hoje, quando alguém me fala
Do quanto fui cego e burro
Busco em mim algum sussurro
Mas até ele se cala
Nada em mim mais assinala
Defender-te a pontapés
Só me restou o revés
Do silêncio que deixaste
Logo assim que me mostraste
Direitinho quem tu és!

Dublin, 22/11/2012. 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Sonho de passarinho











Tudo quanto a vida emprega
Como pedras no caminho
Só afeta aqueles sonhos
Dos que sonham miudinho
Porque pedras pelo chão
Nunca que empatarão
Os sonhos dum passarinho!

Quando a folha de um outono
Cair dançando ao meu lado
Mais na frente, olhando às horas,
Talvez pense no passado
E num cantinho de boca
Uma risadinha oca
Não me deixará calado!

Dublin, 20/11/2012.

sábado, 17 de novembro de 2012

Sorriso aberto, gritante.















Sorriso audível, gritante
- Mesmo que sorrindo mudo -
Não falas muito de mim
E, ainda assim, falas tudo!

Dublin, 17/11/2012.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Já no outro dia eu caso















No dia em qu’eu encontrar
A parelha do meu vaso
Nunca mais saiu da linha,
Nunca mais me extravaso
E se ela disser "sim"
Já no outro dia eu caso!

Dublin, 12/11/2012.

domingo, 11 de novembro de 2012

Mendigos de primeiro mundo
















Sinto pena da cegueira
Do alguém que dá um piu
Pra falar que o velho mundo
É um paraíso anil
Pois lhes digo, meus amigos,
Já cansei de ver mendigos
Pedindo e passando de frio!

Dublin, 12/11/2012.

sábado, 10 de novembro de 2012

Esperança de palhaço












Quem nasceu pra no circo ser palhaço
Nunca deve sonhar com bailarina.
Cada um tem no mundo sua sina
E conheço do passo o meu compasso.

Que meu riso, meu ouro, tão escasso,
Não consegue pagar coisa tão fina,
Sendo um reles palhaço que assina
Uma graça que beira ser fracasso.

Todavia, ao te ver, moça que dança,
Meu sorriso voltou a ser criança,
O meu peito saiu dançando valsa

E meu tudo ficou tão mais contente
Que, ainda, eu estando consciente,
Mergulhei nessa esperança falsa!

Dublin, 10/11/2012.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Culpa minha
















Minha culpa, culpa minha
Ter me deixado envolver
Por quem eu não posso ter
Por ter cruzado essa linha
Que chance eu pensei que tinha?
Até hoje ainda não sei...
Mas errei, sei que errei
E estou pagando o pato
Por querer comer no prato
Onde só quem come é Rei!

Dublin, 09/11/2012.

Entre meus dedos
















Na minha necessidade
De negar todos meus medos
De orgulhar a vaidade
E guardar os meus segredos
Vivi e nem vi o tempo
Escapando entre os meus dedos!

Dublin, 05/11/2012.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O que vale a pena
















Que o tempo me permita
Só ter o que vale a pena
Com a alma sempre amena
Sempre livre de desdita
Que a manhã nasça bonita
Que a paixão seja bem-vinda
Que a noite caia bem linda
Que o amor seja constante
E quando eu tiver bastante
Qu’eu não queira mais ainda!

Dublin, 31/10/2012.