Pense numa confusão,
Tinha lá uma multidão
Explanando seus sentidos
Mas eu, sujeito metido,
Cheguei às oiças do anjo
Disse: “Meu amigo arcanjo
Me conquiste esta senhora
Que’u falo com Deus agora
E asas novas te arranjo”!
(Jessé Costa)
O sapateiro do Destino
Quando numa certa vez
Contou-me que seu freguês
Não batia bem do tino
Falou que era um menino
Fresquento e malamanhado
Com um Dom do encantado
E sintoma de invejoso
Que por ser um poderoso
Era muito do empolgado
E o barbeiro do Futuro
Disse que o antecipado
Embora mais recatado
E um tanto obscuro
Só aparenta ser duro
Mas é extremo feliz
Que em tudo é aprendiz
Pois anda num tempo à frente
Com o Destino da gente
Torcendo a ele o nariz
(Jessé Costa)
O tempo passa arrastado
Na falta do teu carinho
E eu andando sozinho
Sou pierrot dizimado
Vivendo um verbo passado
D’um dançador sem canção
Num porto de solidão
Pois pra quem queira ou não queira
Todo pião sem ponteira
Não faz poeira no chão
(Jessé Costa)