domingo, 8 de fevereiro de 2009

Um Pé de carambola

(em memória da minha avó Maria de Lourdes)


De fronte a antiga casa
Onde cresceu o menino
A luz do sol matutino
Tocava sua copa rasa;
Fazia no verde a brasa;
Despertava a passarada,
Que saia em revoada
Pra mais um dia tão duro;
E o pé, de sombra e ar puro,
Fincava-se na calçada

É verde a recordação
Da planta cheia de vida
Frondosa e toda florida
No tempo da floração,
Era quase um batalhão
Repleta de soldadinho;
Lá tudo que é passarinho
Repousava em segurança,
Onde nem felino alcança
E nem bala de chumbinho.

Pois era um pé encantado
Com flores tom violeta
Que o vôo da borboleta
Tornava mais destacado;
Já o seu fruto estrelado,
Verde-amarelo [a nação],
Formava a constelação
D’estrelas de carambola;
E adocicava a beiçola,
A vista e o coração!

Mas de fronte a antiga casa
Onde cresceu o menino
Para total desatino
Hoje o sol a rua abrasa
A vida não tem mais asa,
O concreto a emoldurou,
E o progresso levantou
Uma cinzenta gaiola
Onde um pé de carambola,
Ali, nunca mais florou!

Autor: Jessé Costa.
João Pessoa, 08/02/2009

3 comentários:

Anônimo disse...

por várias particularidades um poema lindo Jessezinho!!!
...do soldado à carambola
... da foto à dedicatória!!!
=*

Anônimo disse...

Muito bom seus escritos.
Parabéns!!
Talento nato.

Unknown disse...

Tudo bem que não sou um entendedor nato da poesia, mas em termos de beleza e sentimento, esse, pra mim, é O melhor.