O matuto entorna mais uma dose de cachaça, com os olhos marejados de lágrimas saudosas; se levanta da cadeira cai-não-cai, com certa dificuldade etílica; olha pra o dono da budega, volta o olhar para seus companheiros de porre e desata a falar. Discursando sem ser ouvido ele então desabafa:
Quando a fome se tornou assolação
E no açude só restou água barrenta
Eu passei a perna em riba da jumenta
E parti atrás de uma solução,
Fui embora deixando meu coração
C’a morena que chorava de desgosto;
Mas jurei voltar, enxugando seu rosto,
E na porta eu talhei com a peixeira:
“Se a saudade aqui hasteou a bandeira
Dentro em breve o amor retoma o seu posto”!
Na cidade não achei outra opção
E tornei-me o que chamam de bóia-fria;
Na labuta tendo a largura do dia.
Minha vida era dar carga a treminhão;
Cortar cana virou minha profissão;
Na precisão isso foi a mim imposto,
Mas lembrar de Rosa me deixa disposto;
E assim, digo aos amantes desolados:
“Que a saudade, como um baú de guardados,
Guarda o amor; acrescentando cheiro e gosto”!
Todo mês eu mando um trocadinho a Rosa
E também mando dizer que estou voltando
Assim que meu Deus jogar chuva, pintando
O marrom de verde e o pau d’arco de rosa;
Mas no ‘enquanto’ vivo a vida desgostosa,
Onde nunca um sorriso é exposto;
Inda aviso aos que me querem ver deposto
E aos que, a morena, ficam atentando:
“Me aguardem, dentro em breve estou voltando
E o cacete vai cantar com todo gosto”!
Autor: Jessé Costa
Timbaúba, 28/02/2009.
Quando a fome se tornou assolação
E no açude só restou água barrenta
Eu passei a perna em riba da jumenta
E parti atrás de uma solução,
Fui embora deixando meu coração
C’a morena que chorava de desgosto;
Mas jurei voltar, enxugando seu rosto,
E na porta eu talhei com a peixeira:
“Se a saudade aqui hasteou a bandeira
Dentro em breve o amor retoma o seu posto”!
Na cidade não achei outra opção
E tornei-me o que chamam de bóia-fria;
Na labuta tendo a largura do dia.
Minha vida era dar carga a treminhão;
Cortar cana virou minha profissão;
Na precisão isso foi a mim imposto,
Mas lembrar de Rosa me deixa disposto;
E assim, digo aos amantes desolados:
“Que a saudade, como um baú de guardados,
Guarda o amor; acrescentando cheiro e gosto”!
Todo mês eu mando um trocadinho a Rosa
E também mando dizer que estou voltando
Assim que meu Deus jogar chuva, pintando
O marrom de verde e o pau d’arco de rosa;
Mas no ‘enquanto’ vivo a vida desgostosa,
Onde nunca um sorriso é exposto;
Inda aviso aos que me querem ver deposto
E aos que, a morena, ficam atentando:
“Me aguardem, dentro em breve estou voltando
E o cacete vai cantar com todo gosto”!
Autor: Jessé Costa
Timbaúba, 28/02/2009.
2 comentários:
Ja avisei, se o meu grupo quiser, esse texto vai virar meu projeto final de conclusao de curso
=D
=D
=*
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