quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Fim do mundo num trovão



Eu quero qu’esse mundo se acabe
Pra ver como seria a vida noutro
Se lá um ser pisaria no outro
Ou se seria só o que lhe cabe
Eu quero que o céu hoje desabe
E que nosso planeta se consuma
Eu quero que a riqueza vire bruma
E que na nossa vida noutro mundo
Não exista primeiro nem segundo
E assim qualquer desigualdade suma!

Eu quero todo mundo nivelado
Sujando os pés por sobre o mesmo chão
Num mundo onde alguém estenda à mão
Sem ter um interesse mascarado
Eu quero um mundo zerinho, zerado,
Sem cerca delimitando fronteira
Eu quero que a divina empreiteira
Derrube esse modelo infecundo
E que levante, então, um novo mundo
Que ostente a igualdade por bandeira!

Cansei de ser tal qual um caranguejo
Com outros caranguejos numa lata
Que quando está saindo tem a pata
Puxada pra o fundo do cortejo,
Cansei da predação que hoje vejo
Tomar a humanidade mundo a fora
Cansei do mundo que não quer melhora
E que caminha pra destruição
Por isso peço a Deus que um trovão
Pr'um mundo menos ruim me leve embora!

João Pessoa, 12/10/2010.

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