quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Não sobra “sentir falta” pra nada











Eu até sinto falta de sentir
O suor escorrendo na quentura;
Sinto falta também da rapadura
E da broa sem água pra engolir;
Eu até sinto falta de ouvir
Um forró, um repente, uma toada...
Mas, se lembro de ti, tudo s’enfada
E não resta mais nada fora o pranto,
Pois a falta de ti sinto d’um tanto
 Que não sobra “sentir falta” pra nada!

Dublin, 27/08/2012.

Céu de gaivotas










Quando quis criar asas e voar
Eu queria poder sair do chão
Mas agora daqui da imensidão
Vez por outra me falta onde pousar

Deus me livre eu querer me engaiolar
Mas voar tanto e tanto, não sei não;
Bate a falta do chão do meu torrão
E o daqui nem faz graça comparar

Entretanto voei, de banda em banda,
E parado no céu daqui da Irlanda
Sou só um passarinho forasteiro

Mas no céu onde só se vê gaivota
Quando canto, quem ouve logo nota:
Olha lá um canário BRASILEIRO!

Dublin, 27/08/2012.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Plantando bananeira











Quando meus pés se cansarem
Na subida da ladeira
Hei de demonstrar pr'o mundo
Que não tou pra brincadeira:
Viro sem fazer careta
Vou plantando bananeira!

Dublin, 15/08/2012.

domingo, 12 de agosto de 2012

Na força dos meus passos









Mesmo estando tão distante
como nunca nessa vida;
mesmo que o mapa mundi
desengane na medida;
mesmo sem poder surgir
pela sala e imprimir
no senhor vários abraços;
Pai, lhe sou pra sempre grato,
pois te tenho em cada ato
e na força dos meus passos!

Dublin, 12/08/2012

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Dublin - Episódio1: Espantando a saudade











A lapada de frio nem incomoda
nessas ruas que nunca vi na vida,
o que tem me bulido é a ferida
da saudade que vem deixando noda.
Sei qu’é feio dizer, mas digo: é foda,
a garganta só vive dando nó.
Meu Deus sabe e até ele sente dó,
mas d’estar, quando sempre, eu dou meu jeito:
Diminuo a saudade do meio peito
me lembrando e cantando um bom forró!

Dublin, 08/08/2012.

Sextilha da saudade de assalto














Essa saudade não bate,
Chega derrubando a porta
Dá-lhe no meu pé-de-ouvido
Minha auto-estima entorta
E depois sai feito bala
Deixando no chão da sala
Uma alma quase morta!

Timbaúba, 11/07/2012.