domingo, 10 de fevereiro de 2013

Um balão cheio de ar frio

 Devaneios sobre a falta de querência e a ida pra Buenos Aires.












Por saber que tão breve vou embora,
inda mais indo embora pra tão longe,
o meu peito isolou-se feito o monge
que, do templo, jogou a chave fora...
E esse peito covarde agora chora
no vazio de amor que lhe completa.
Sente falta das dores que inquieta,
da quentura sem chama - que exalta -
de amar, se entregar e sentir falta...
De viver de ilusão sendo Poeta!

Hoje trago comigo um peito oco
que assobia igual vento de deserto,
que nem mato consegue nascer perto,
que da mata de amor não resta um toco.
Sem amor, sou palácio sem reboco...
Sou tamanho vazio de um balão
que, se cheio de ar frio, não sai do chão;
é bonito, mas não tem serventia...
Todavia, já já me chega o dia
Que bons ares mais quentes me virão!

Belo Jardim, 10/02/1013.

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