segunda-feira, 28 de junho de 2010

Sentimentos



Somos, todos, sentimentos...
Sentimos tudo, afinal
sentimos a chuva, os ventos,
o celular vibracall,
sono por acordar cedo,
o gosto do leite azedo,
o cheiro estranho do queijo,
as pedrinhas da calçada,
dor de amor e de topada
e a respiração do beijo!

Sem comer sentimos fome,
sentimos medo da morte,
orgulho de um sobrenome,
falta ou excesso de sorte,
sentimos carne entre os dentes,
saudade de alguns parentes,
sentimos um frio cortante,
o calor que vem da brasa,
vontade de criar asa
e voar pra bem distante!

E sentimos todo instante...
Sentimos tanto, afinal,
que chega a ser redundante
julgar-se sentimental!

Timbaúba, 28/06/2010.

domingo, 27 de junho de 2010

Só riso?

sábado, 26 de junho de 2010

História mal contada



Maria, meus Deus do Céu!
Espia o que aconteceu:
O teu menino Manéu,
O que é fí de Zé Bedeu,
Se chegou-se em Dorinha
Engabelou a bichinha
Passou-lhe a pêia e comeu!!

Ele fez na cara dura
Quebrou minha bonequinha
Bolinou sua candura
fez festa na bacurinha
e depois correu pra casa
pra baixo da sua asa
ou da mesa da cozinha!

Desculpe o palavreado
E a minha falha conduta
Mas o seu camumembado
Esse seu fela da puta
Foi lá onde eu passei talco
E abriu no mêi um buraco
Do tamanho duma gruta

E eu quero que a Comadre
Me diga o seu pensamento,
Ou melhor, que escolha o padre
E a data do casamento
Pois se não for esse o mote
Eu escolho um sacerdote
Pra rezar sepultamento!

Pois a honra de Dorinha
Precisa ser resgatada
Já que sua bacurinha
Não pode ser remendada
Por isso ou vai ter casório
Ou senão vai ter velório,
Comadre esteja avisada...

Ora comadre Aristela
Saiba que sua Dorinha
É pura feito remela
E santa de camarinha
que vive lá pelo rio
feito cadela no cio
com os cabra de Serrinha!

Pra tu agora chegar
Falando do meu Manéu
que vive em missa a rezar
sempre casto, a Deus Fiel
sonha em ser monsenhor
desconhece o que é furor
e já tem vaga no céu!

Dobre a língua, Aristela
Qu’eu vou conferir a história
E se a sua cadela
Tiver obtido glória
Em tirar meu Maneuzinho
Do seu divino caminho
Vai ter muita implicatória...

Pois meu anjinho nasceu
Para servir a Jesus
Para ser servo de Deus
Pra carregar sua cruz
E não existe mulher
Que abale sua fé
Nesse caminho de Luz...

Ôh Manéu se achegue aqui!
Me conte se essa querela
Que eu acabo de ouvir
Da boca de Aristela
Tem alguma solidez
Conte logo de uma vez
Sobre tu e a filha dela!

- Já lhe conto mamãezinha
O que ela disse eu não sei
O caso é que com Dorinha
Eu apenas combinei
Que a gente ia inventar
Um namoro pra’bafar
Qu’ela é quenga e eu sou gay...

João Pessoa, 23/06/2010.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Mané Juá e o fax



Alô, do sítio Pitomba...
Eu de cá, quem é de lá?
É o roçamento da bomba?
E bomba tem que roçar?
Não, não é o seu Teixeira
Ele foi fazer a feira
Mas pode desapear...

Como é? Tu tá bestando?
Isso é coisa que se “pesse”?
Você nem sabe onde eu moro
E a gente nem se conhece
Pra de repentinamente
Você todo saliente
Me fazer tamanha prece!

Ora, tu deve tá doido
Por um tibêi no “torax”
Dos que desnorteiam rumo
Até de xofé de taxi!
Te dana cabra safado
Você nem fez um agrado
E quer meu sinal de fax?

Eu sendo um cabôco macho
Não gosto de sururu
Eu que entro nos buracos
Sou tal-qualmente um tatu
E não existe uma bomba
Aqui no sítio pitomba
Que me faça dar pra tu!
...

E é o que? Fale pra fora!
Que muléstia é tu-tu-tu?

João Pessoa, 22/06/2010.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Coração: Órgão Incoerente.



O coração é um órgão
Que a coerência contorna
Pois o mesmo estando cheio
Voa leve qual codorna
Porém estando vazio
Pesa como uma bigorna!

João Pessoa, 14/06/2010.

domingo, 13 de junho de 2010

Dez ano



Sou um nordestino
Com força no tino
E desde menino
Eu nasci pra sê-lo
Um pernambucano
Um cano-caiano
Matuto “dez ano”
Que o mundo quer tê-lo!

E s’eu sou “dez ano”
Tenho no tutano
O sangue humano
Dos cabra do norte
Dos cabra dizente
Dos cabra envolvente
Dos cabra eloqüente
Que dão nó na morte!

João Pessoa, 13/06/2010

Vira-lata



Vira-lata, cão de rua
Chafurdando à madrugada.
Há sorte na vida tua?
Há sorte em não se ter nada?
Sim! Há sorte em tua estrada,
Pois o nada que tu tens
É teu e bem te convêm,
Sendo um nada até de pranto,
É melhor que muito tanto
Que tantos outros retêm!

Vira-lata, nas calçadas
O teu nada é um grande bem
E, com tanto, eu quero um nada
Igualzinho ao que tu tens!

João Pessoa, 13/06/2010.

sábado, 12 de junho de 2010

Sonhos & Pesadelos



Admiro o despertar,
na chuva de um mês de agosto,
com vontade de cantar
e um vasto riso no rosto,
resultado que transborda
dum sonho de que se acorda
pra tudo e todos, disposto!

Eu admiro o dormir,
naquele sonho mais doce,
que faz a gente pedir
que apenas sonho não fosse
e deixa a vida sem molho
quando a gente abre o olho
e vê que o sonho acabou-se!

E admiro a criança
falando de um pesadelo,
dizendo sem discrepância,
explicando sem temê-lo,
que o pesadelo é o tom
de um sonho que quis ser bom
mas que não conseguiu sê-lo!

João Pessoa, 12/06/2010.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A casa na sombra da serra



Mandei fazer nossa casa
na sombra daquela serra
onde é bem mais fértil a terra
e a seca nunca abrasa
onde a chuva nunca atrasa
e o açude dá na borda
onde o gado logo engorda
e após um dia uniforme
onde o sol se deita e dorme
e a lua brilhando acorda!

E vai ser um casaraço
daqueles de antigamente
com uma escada na frente
dando acesso a um terraço
onde haverá espaço
e armadores nas paredes
pra pelo menos dez redes
de onde a gente vai ver
algo melhor que a TV
pra saciar nossas sedes!

A gente vai ver o gado
pastando num fim de tarde
e os gansos fazendo alarde
atrás de um pobre coitado
e a estrada do outro lado
logo depois da porteira
de onde vem na carreira
um pintinho desleixado
da ninhada atrasado
na volta pra capoeira...

E quando a casa erguida
na sombra daquela serra
onde é tão fértil a terra
que nem se precisa lida
assim será nossa vida
nessa nossa fortaleza
no colo da natureza
como um quadro colorido
onde o mundo tem sentido
e o sentido tem beleza!

João Pessoa, 07/06/2010

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Engenharia Vs. Seleção Brasileira



No dia que esse “timin” de araque
Da prova dos nove conseguir ganhar
Aí nesse dia todos viram craques
Pois quando Robinho, Elano, Kaká
Juan, Lúcio, Dunga, Ramires, Nilmar...
Driblarem a soma de uma integral
Acharem de cara o ajuste ideal
E o ponto da curva da tubulação
Não tem engenheiro que duvide então:
O Brasil vai ser campeão mundial!

João Pessoa, 03/06/2010.