sábado, 26 de junho de 2010
História mal contada
Maria, meus Deus do Céu!
Espia o que aconteceu:
O teu menino Manéu,
O que é fí de Zé Bedeu,
Se chegou-se em Dorinha
Engabelou a bichinha
Passou-lhe a pêia e comeu!!
Ele fez na cara dura
Quebrou minha bonequinha
Bolinou sua candura
fez festa na bacurinha
e depois correu pra casa
pra baixo da sua asa
ou da mesa da cozinha!
Desculpe o palavreado
E a minha falha conduta
Mas o seu camumembado
Esse seu fela da puta
Foi lá onde eu passei talco
E abriu no mêi um buraco
Do tamanho duma gruta
E eu quero que a Comadre
Me diga o seu pensamento,
Ou melhor, que escolha o padre
E a data do casamento
Pois se não for esse o mote
Eu escolho um sacerdote
Pra rezar sepultamento!
Pois a honra de Dorinha
Precisa ser resgatada
Já que sua bacurinha
Não pode ser remendada
Por isso ou vai ter casório
Ou senão vai ter velório,
Comadre esteja avisada...
Ora comadre Aristela
Saiba que sua Dorinha
É pura feito remela
E santa de camarinha
que vive lá pelo rio
feito cadela no cio
com os cabra de Serrinha!
Pra tu agora chegar
Falando do meu Manéu
que vive em missa a rezar
sempre casto, a Deus Fiel
sonha em ser monsenhor
desconhece o que é furor
e já tem vaga no céu!
Dobre a língua, Aristela
Qu’eu vou conferir a história
E se a sua cadela
Tiver obtido glória
Em tirar meu Maneuzinho
Do seu divino caminho
Vai ter muita implicatória...
Pois meu anjinho nasceu
Para servir a Jesus
Para ser servo de Deus
Pra carregar sua cruz
E não existe mulher
Que abale sua fé
Nesse caminho de Luz...
Ôh Manéu se achegue aqui!
Me conte se essa querela
Que eu acabo de ouvir
Da boca de Aristela
Tem alguma solidez
Conte logo de uma vez
Sobre tu e a filha dela!
- Já lhe conto mamãezinha
O que ela disse eu não sei
O caso é que com Dorinha
Eu apenas combinei
Que a gente ia inventar
Um namoro pra’bafar
Qu’ela é quenga e eu sou gay...
João Pessoa, 23/06/2010.
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