domingo, 20 de março de 2011

Matuto quando se muda

Dedicada ao grande amigo Filipe Apolinário



Matuto quando se muda
Não enche mêi caminhão
Na caçamba vão somente
Um fogão com seu bujão
Uma caminha simbólica
Uma antena parabólica
E a velha televisão!

A geladeira Brastemp
Sanguessuga de energia
Um sofá todo surrado
Remendado por Maria
E um mundéu de cacareco
Calcinha, espelho e caneco
Tudo numa só bacia!

Mas quem vê nem desconfia
Que o dono desse quinhão
Leva com essa mudança
Dentro do seu coração!
Um treminhão apinhado
Com sonhos por todo lado
Da vida no novo oitão!

A pouca coisa demais
Do cabedal que detém
Pro matuto pouco importa
Pois pra ele o maior bem
É Maria, sua nega
E o amor dessa burrega
Só mesmo ele é quem tem!

Matuto quando se muda
Não enche mêi caminhão
Mas a F4000
Mesmo assim cepa no chão
Ao sentir o peso bruto
Da bravura que o matuto
Leva no seu coração!

Timbaúba, 19/03/2011.

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