segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Ser dois sem ser completo



Por medo de ficar só
O ser humano s‘entrega
Com o tempo se apega
Confundindo amor com dó
E fica naquele nó
Pensando que amor é isso...
Mas amor tem um feitiço
Muito maior que o medo
Vou esperar, inda é cedo
Amar é meu compromisso!

Bem prefiro ser sozinho
A ser dois sem ser completo
Não quero caminho reto
Quero ir reto em meu caminho
Ser passarinho sem ninho
Sem companheira até quando
O amor chegue voando
Cantando e batendo as asas
Espantando as paixões rasas
E de vez me completando!

É triste quem se ilude
Por medo da solidão
E que pensa ter razão
Nessa sua atitude
Porém, que Deus os ajude
A não sentir o tormento
Afastando o pensamento
De s’arrepender um dia
Do amor de hipocrisia
Que finge qu'é sentimento!

Belo Jardim, 28/11/2011.

domingo, 27 de novembro de 2011

Ao trio, com Esmero III

Dedicada aos meus grandes amigos, Filipe e Roberto Apolinário.




Amigos, des’que nascemos?
Amigos, porque dizemos?
Amigos, no que vivemos?
Amigos, porque será?
Por nossa cumplicidade?
As resenhas d’outra idade?
Onde está nossa amizade?
Pois eu sei onde é que está!

Tá bem aqui no meu peito
Num cuviquinho mal feito
Que eu fiz por não ter jeito
De estamos sempre perto
E quando a saudade aperta
O meu peito se alerta
Uma lembrança desperta
E assim eu me conserto...

Lembrar de antigamente
Daquele tempo em que a gente
Via tudo diferente
Sem responsabilidade
Mesmo sem ser o bastante
Como hoje estou distante
É a solução restante
De viver nossa amizade!

Belo Jardim, 27/11/2011.

sábado, 26 de novembro de 2011

Entre anjos da guarda



Rosa é todinha de sorte,
Disse seu anjo da guarda,
Não há bala de espingarda
Nem instrumento de corte
Doença ou coisa de morte
Que perturbe sua vida
E, sendo assim, minha lida
É tão chata que entedia
Já tem pra mais de "mil dia"
Qu’eu nem saio da guarida

Pois comigo é diferente,
Disse o anjo doutro lado,
Que Quelé, o meu guardado,
Tá demais inconseqüente
Pois gamou perdidamente
Por Rosa, sua guardada,
E buscando pela amada
Vive num fino da morte
Em instrumento de corte
E em tiro de espingarda!

Por isso meu camarada
Que a muito eu não descanso
Minha lida é puro ranço
Não tenho tempo pra nada
Vivo metido em roubada
Salvando meu protegido
Feliz é você, querido,
Que não tem o que guardar
E nem vive a se estrepar
Por um mal agradecido!

João Pessoa, 04/09/2010.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Quando ela se foi



Que quando alguém se vai das nossas vidas
Leva consigo um pedaço da gente
E deixa um algo seu na nossa mente;
Eu já sabia, d’outras despedidas...

Mas dessa vez não foi somente isso
Um algo aconteceu de diferente
Que quando ela partiu me vi descrente.
Não sei por que, mas me senti sem viço...

Foi como se ali depois do fim
Ela tivesse levado de mim
Bem mais que um pedaço do que sou

Partindo, sim, com a minha alma inteira
Deixando um corpo oco a derradeira
Da história do amor que se acabou!

Belo Jardim, 21/11/2011.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Malandro enroscado

Sabe aqueles caboclos que acham que nunca vão se amarrar? O tipo cabra que se acha o malandrão, o impenetrável, o modafoquer, o supra-sumo do cu do pato; jura que manda e desmanda nas aleatoriedades do mundo, jura controlar a mulesta a quatro e na verdade não manda em bobônica nenhuma?!

Pois imaginem esse cidadão quando dá de cara com uma paixão... quer dizer, uma não, duas...



Minha nossa senhora, eu tou lascado!
Bem verdade que o tempo faz das suas
E eu que tava enrolando todas duas
Pelas duas me encontro abestalhado!
Como pode um malandro apaixonado
Sem saber qual fazer de namorada?
Uma é linda e demais desenrolada
Mas a outra é meiguice sem limite
E o meu peito está feito dinamite
Vendo a hora explodir por quase nada!


Belo Jardim, 18/11/2011.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Nosso amor da besta-fera



Se não fosse o ser, não era
Se não fosse o tá, não tava
Se não fosse bom, minguava
Nosso amor da besta-fera;
Mas de tão bom se supera
E de tão grande ele alcança
A distância que avança
Nesse chão que nos separa
E de tanto ser, não para
De ter sempre uma esperança.

Esperança na melhora
Num futuro mais sereno
Onde um tempo mais ameno
Tenha mais tempo que agora
Mas enquanto não aflora
A melhora em nossa agrura
Nosso amor inda segura
Tudo quanto é empecilho
Como quem anda no trilho
Do trem que leva a loucura!

Belo Jardim, 15/11/2011.

domingo, 13 de novembro de 2011

Retalhos sobre saudade

Sextilhas minhas, tiradas de uma peleja feita com a poetisa Mariana Teles:



Na vida de um Poeta
O amor não tem paragem
Que o poeta é um navio
Em uma eterna viagem
Pulando de porto em porto
Amando por cabotagem

E a saudade é uma ferida
Que dá a gota e não sara
Nem mesmo com a pomada
De melhor marca e mais cara
E pereba de saudade
Nenhum band-aid mascara!

Em cada hora pulsada
Mais saudade se rebela
Dói no peito, rasga a alma
Molha o olho e mancha a tela
Pois cada hora que passa
E outra hora sem ela!

Mas nem com tanto lamento
Saudade não é ruim
Também não chega a ser boa
Porém ela espanta o fim
E pro fim nunca chegar
Eu levo a saudade em mim!

João Pessoa, 18/06/2011.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O orfanato



22 passados tristes
22 amarguras
22 futuros duros
Pra 22 ternuras
São 22 crianças
22 esperanças
22 almas puras!

22 anjos sofridos
A viver num purgatório
22 elegias
Num sorriso aleatório
São 22 pequeninos
São mais 22 destinos
Neste mundo predatório

22 quase esquecidos
Por bilhões de indiferentes
22 solidões
Num mundo cheio de ausentes
Quando neste orfanato
A presença, mais que um ato
Vale 22 presentes!

Belo Jardim, 03/10/2011.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Dinheiro e status não se comem

Poesia nascida e apresentada na Semana Interna de Prevenção ao Acidente de Trabalho e Meio Ambiente (SIPATMA) da Acumuladores Moura S/A, onde este Poeta Abusador anda engenheirando e inventando versos:





Já pensaram se a gente não tivesse
Uma sombra de árvore na rua
E o concreto encobrisse o sol, a lua
E o restante qu’é verde, vivo e cresce?
Já pensaram se o mundo muito aquece
E os bichos tudinho vão e somem
O que peste seria então do homem
Que mulesta qu’a gente ia comer
Como é que a gente ia viver
Se dinheiro e status não se comem?

Do que nós precisamos pra viver?
Precisamos de carros, de dinheiro
Ou ar puro, nascentes e um terreiro
Onde é verde o que a vista percorrer?
E o futuro, como é qu’ele vai ser?
Se ninguém não puxar o “frei-de-mão”
Da selvagem e vil devastação
E da poluição que a gente gera
É cruel, mas, ficando assim, já era
Nossos netos, coitados, pagarão...

É por isso que tão fundamental
Quanto é tomar banho e se limpar
É também o planeta preservar
Afinal ele é nosso quintal.
Inda cabe remendo nessa tal
De camada de ozônio já furada
Cada um pegue a pá e a enxada
E cultive de forma consciente
Nosso meio e tão frágil ambiente
Que sem ele ninguém aqui é nada!

Belo Jardim, 31/08/2011.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O caminho é mesmo assim



Quem pedir informação
Aqui no Belo Jardim
Vai ter a explicação
Sempre do mesmo jeitim:
Na casa verde má feita
Pode drobar as direita
Depois pode ir c’a mulesta
Adepois tu droba “assim”
Faz “assim”, depois “assim”
Que a rua é mesmo esta!

Belo Jardim, 02/11/2011.