sexta-feira, 29 de abril de 2011
Num longo beijo roubado
Não sei se estava acordado
Não sei se fantasiei
Sei que um beijo delongado
Eu lembro que te roubei
E quando os olhos fechei
No teu céu eu me perdi
E quando os olhos abri
Me encontrei no paraíso
Do olhar e do sorriso
Que, me olhando e rindo, eu vi!
João Pessoa, 29/04/2011.
terça-feira, 26 de abril de 2011
O causo do Feio
O causo de um feio, narrado em versos matutos:
Ela deu mole pra ele
Só garanto pruque vi
Ela linda cá mulesta
Ele um traste, um sapoti
Ela olhanu o tempo intêro
E eu dizenu: cumpanhêro
Tá olhanu e é pra ti!
Ela deu mole cá peste
E ele feio c’o estopô
Olhava e se aguniava
Era um tal: vô ou num vô?
Relutô, pensô, tremeu
Duvidô: será pra eu?
Demorô e ôto chegô!
Ela deu mole dimai
E ele o Cão numa visage
Perdeu prum cabra mais feio
Mai que têve mai corage
Lascânu a chance de ôro
De conseguir furá côro
Sem sê cuma catrevage!
João Pessoa, 26/04/2011.
Ela deu mole pra ele
Só garanto pruque vi
Ela linda cá mulesta
Ele um traste, um sapoti
Ela olhanu o tempo intêro
E eu dizenu: cumpanhêro
Tá olhanu e é pra ti!
Ela deu mole cá peste
E ele feio c’o estopô
Olhava e se aguniava
Era um tal: vô ou num vô?
Relutô, pensô, tremeu
Duvidô: será pra eu?
Demorô e ôto chegô!
Ela deu mole dimai
E ele o Cão numa visage
Perdeu prum cabra mais feio
Mai que têve mai corage
Lascânu a chance de ôro
De conseguir furá côro
Sem sê cuma catrevage!
João Pessoa, 26/04/2011.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Na bodega da Saudade
Da bodega da Saudade
Era o mais comum freguês
Ali todo fim de tarde
Estava ele outra vez
Encostado no balcão
Bebendo recordação
E beliscando um talvez.
Nos trinta dias do mês
Era ali fiel cliente
E sempre imerso em mudez
Só falava o pertinente
Mas seu olhar acendia
Quando a Saudade o servia
Outra lembrança aguardente!
Chegava inteiro, impecável
E começava a beber
E depois de umas lembranças
Entornadas com sofrer
Definhava de um tanto
Que voltava ao seu recanto
Sem ninguém lhe conhecer.
Até quando um certo dia
Ele não apareceu
Ninguém viu, ninguém mais via
Simplesmente escafedeu
Não mas pisou na bodega
E por onde ele trafega
Ninguém nunca esclareceu.
Mas se fala na cidade
Qu’ele hoje vive ausente
Da bodega da Saudade
Por um motivo expoente:
Dizem qu’ele hoje dança
No cabaré da esperança
De um dia amar novamente!
João Pessoa, 25/04/2011.
sexta-feira, 22 de abril de 2011
O coelho na lua
Se a lua tem um coelho,
Pelejei mas nunca vi
E se o amor é quem faz vê-lo
Desenhado bem ali
Eu só posso acreditar
Que mesmo pensando amar
O amor não conheci!
Mas se ali tem um coelho,
Como dizem por aí
E o amor é quem faz vê-lo
Vou mentir que não menti:
Como eu disse te amar
Se alguém me perguntar
Vou dizer que olhei e vi!
Timbaúba, 22/04/2011.
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Se eu fosse um marimbondo
Ah, se eu fosse um marimbondo
Não queria nem saber
Eu mirava no teu peito
E ferroava você
Pra você sentir o ardor
Do ferrão do meu amor
E o fervor do meu querer!
Mas eu não sou marimbondo
Não alço vôo do chão
E esse querer que carrego
Não posso por num ferrão
Mas se eu fosse um maribondo
Era o meu amor expondo
E pondo em teu coração!
Timbaúba, 10/04/2011.
terça-feira, 19 de abril de 2011
Estaca de Sabiá
Estaca de sabiá
Que delimita o cercado
Foi esse arame farpado
Que te fez silenciá
Ou não sois familiá
Dos passarinho cantante
Que não passa um só instante
Sem um canto sibilá?
Sois feita do sabiá
Do passarinho faguêro
Desse cantadô primêro
Daqui das zôna rurá
Ou sois pau de se cercá
Terreno de hômi rico?
Pra que que serve teu bico
Pro arame ou pro cantá?
Se sois pau de se cercá
Terreno de coroné
Esse teu nome não é
Motivo pra se honrá
E afiná, se teu finá
é tomá o bem comum
eu não vejo mal nenhum
no arame te enforcá
Mas me deixe só clamá
Se tu sois assim parente
Desses sabiá valente
Que se vê pruqui prulá
Se desate a gorjeá
No bico tore esse arame
A terra livre proclame
E ganhe o mundo a voá!
João Pessoa, 19/04/2011.
Gente vil
Gente vil que vive imersa
Dentro do seu próprio umbigo
Fechando os olhos pra o resto
Que não vive em seu abrigo
E fica escandalizada
Quando passa na calçada
Onde repousa um mendigo!
Gente besta da mulesta
Que respira ostentação
Que nunca desce do salto
E seu pé não toca o chão
Gente da mente pequena
De você eu tenho é pena
Pobre nauta da ilusão!
Pois um dia de repente
Descobres que és infeliz
E de repente te sentes
Com a vida por um triz
Ao notar por um segundo
Qu’esse NOSSO imenso mundo
Vai além do seu nariz!
Ao notar que o mendigo
Que dormia na calçada
Pra você ter sua vida
Teve a dele usurpada
E que pra você ter tudo
Aquele velho barbudo
Nunca que teve foi nada!
Gente vil que vive imersa
No ouro, na prata e cobre
Ao notar ser infeliz
Buscaras pousar de nobre
Fazendo filantropia
Pra enriquecer um dia
Tua alma triste e pobre!
Timbaúba, 27/02/2011.
domingo, 17 de abril de 2011
Babuleta Incolor
As vezes te ofendo inventando outro apodo
Porém na verdade – Oh, minha querida!
Reclamo: feiosa, autista ou metida
Porque o que sinto é lajedo com lodo
E s’eu te elogio esbagaço-me todo
Nas pedras escarpas do “se apaixonar”
Pois isso, querida, releve o falar
Do pobre medroso que foge do amor
Que pensa e não diz: “Babuleta Incolor”
Tu sois o encanto da beira do mar!
Tu sois borboleta de asa incolor
Que brilha na cor da fulô que pousar
Teu vôo de raro se perde no ar
Não há outro ser com tamanho torpor
Sabendo não ser o melhor caçador
Não sei se consigo te capturar
Por isso que evito teu jogo jogar
Porque você sendo espécime raro
S’eu perco esse jogo com custo tão caro
O IBAMA me prende na beira do mar!
Timbaúba, 11/01/2011.
sábado, 16 de abril de 2011
Soneto do Acaso
Na sequência de um “puta-que-pariu!”
Veio logo o dizer: que merda é essa!?
E não é que não era uma remessa
Das mentiras que um dia ela mentiu!
Numa carta que, ao tempo, escapuliu
Se escondendo atrás d’uma travessa
Cada letra pintava de promessa
As mentiras do amor que me iludiu!
Indaguei perturbado: Agora deu!
Quando a gente acredita que esqueceu
O acaso arquiteta essa piada?!
Pro inferno esse acaso irreverente!
Tava novo e agora novamente
Tou molhando com pranto uma risada!
João Pessoa, 14/04/2011.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Rindo e voltando
É rima que sai sorrindo
É rima que vem chorando
Rima por amor surgindo
Rima por amor findando
Rima que se rima indo
Rima que rima voltando
Rima que rima voltando
Rima que se rima indo
Rima por amor findando
Rima por amor surgindo
É rima que vem chorando
É rima que sai sorrindo!
João Pessoa, 14/04/2011.
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Timbaúba, Princesa Serrana III
À direita do rio das capivaras
A semente plantada germinou
Entre os morros a mais rica seara
Toda zona da mata norteou
Quando Deus lá de cima arquitetou
Cada traço do mundo e a natureza
Reservou-te o trono de princesa
E cercou-te de serras por inteira
Te habitando da gente mais guerreira
Dos teus trunfos, esplêndida grandeza!
Quem nasceu e cresceu no teu quintal
Só encontra razões pra te amar
Impossível alguém não se encantar
Com o verde do teu canavial;
A sabença do cidadão rural;
Tuas quartas e sábados de feira;
As igrejas, as praças, a rua inteira;
Pontilhão, estação e o trem passando
Carregado e ainda carregando
Mais um “mói” de menino na traseira!
Assim, sendo teu filho natural
É normal tanto amar tua ribeira
E morando tão longe ao teu curral
Mais ainda a saudade alvoroceira...
Ah, se eu fosse da cana queimadeira
Um alado e pequeno malunguinho
Eu voando tomava o teu caminho
E caia tranqüilo em teu regaço
Pra sentir, Timbaúba, o teu abraço
E o mormaço amoroso do teu ninho!
João Pessoa, 11/04/2011.
sábado, 9 de abril de 2011
A saudade passou arrebentando
Mote passado pela Mariana Teles:
Da janela eu vi passar na rua
Um andar igualzinho ao que amei.
Pra varanda corri e constatei
Que este vulto quebrara a meia-lua,
Adentrando o jardim que se situa
Na entrada do canto em que me ajeito.
Lá de cima gritei: vem que te aceito
Mas o vulto sumiu sequer me olhando;
A SAUDADE PASSOU ARREBENTANDO
O PORTÃO DE ENTRADA DO MEU PEITO!
João Pessoa, 05/04/2011.
Da janela eu vi passar na rua
Um andar igualzinho ao que amei.
Pra varanda corri e constatei
Que este vulto quebrara a meia-lua,
Adentrando o jardim que se situa
Na entrada do canto em que me ajeito.
Lá de cima gritei: vem que te aceito
Mas o vulto sumiu sequer me olhando;
A SAUDADE PASSOU ARREBENTANDO
O PORTÃO DE ENTRADA DO MEU PEITO!
João Pessoa, 05/04/2011.
terça-feira, 5 de abril de 2011
...E se? - Áudio
Ouça a seguir a declamação da poesia "...E se?":
E se a gente se encontrasse
Daqui a cinquenta anos
Ostentando os desenganos
Nas rugas de nossa face
E se a gente se olhasse
E se a gente ali se visse
Uma setentona “misse”
E um poeta aposentado
Será que todo passado
Pareceria tolice?
Ou será qu’eu sentiria (notaria)
Bem ali naquele instante
Que minha vida foi errante
Sem a tua companhia?
Será qu’eu perceberia
Que você não foi mais uma
Que passou como uma bruma
Nebulosa e envolvente.
Eu não sei, só sei somente
Que o presente é quem nos ruma...
E se a gente se topasse
Que diferença faria
Se o tempo não deixaria
Qu’eu contigo regressasse
A nossa história mudasse
Nossos erros resolvesse
E o nosso amor revivesse,
Mas só que o tempo não deixa
E é por isso que essa queixa
Nunca há de responder-se!
Afinal, somos humanos
Só Deus é onisciente
E o futuro é um delinquente
Que sempre foge dos planos
É muito cinquenta anos
Não tem como adivinhar
E eu prefiro não pensar
Pois se a gente se rever
Juro por Deus não saber
Como iria me portar!
Timbaúba, 19/01/2011.
E se a gente se encontrasse
Daqui a cinquenta anos
Ostentando os desenganos
Nas rugas de nossa face
E se a gente se olhasse
E se a gente ali se visse
Uma setentona “misse”
E um poeta aposentado
Será que todo passado
Pareceria tolice?
Ou será qu’eu sentiria (notaria)
Bem ali naquele instante
Que minha vida foi errante
Sem a tua companhia?
Será qu’eu perceberia
Que você não foi mais uma
Que passou como uma bruma
Nebulosa e envolvente.
Eu não sei, só sei somente
Que o presente é quem nos ruma...
E se a gente se topasse
Que diferença faria
Se o tempo não deixaria
Qu’eu contigo regressasse
A nossa história mudasse
Nossos erros resolvesse
E o nosso amor revivesse,
Mas só que o tempo não deixa
E é por isso que essa queixa
Nunca há de responder-se!
Afinal, somos humanos
Só Deus é onisciente
E o futuro é um delinquente
Que sempre foge dos planos
É muito cinquenta anos
Não tem como adivinhar
E eu prefiro não pensar
Pois se a gente se rever
Juro por Deus não saber
Como iria me portar!
Timbaúba, 19/01/2011.
sábado, 2 de abril de 2011
Soneto da Submissão
Dedicado a Manoel Costa Palma
Carrego nesse peito desvairado
O arado que Vovô nele deixou
Dizendo-me: a mulher é um ser sagrado
Alado encantamento que pousou;
Desceu de lá do céu e aqui chegou
Pra ser do bicho homem a nobreza
Porém o bicho homem a rebaixou
Por não saber lidar com essa grandeza!
E hoje quando vejo em todo canto
Mulheres aceitando sem espanto
O manto negro da submissão,
Pergunto pra Vovô discretamente:
Ninguém querendo, como pode a gente
Dar jeito nessa torta condição?!
João Pessoa, 02/04/2011.
Carrego nesse peito desvairado
O arado que Vovô nele deixou
Dizendo-me: a mulher é um ser sagrado
Alado encantamento que pousou;
Desceu de lá do céu e aqui chegou
Pra ser do bicho homem a nobreza
Porém o bicho homem a rebaixou
Por não saber lidar com essa grandeza!
E hoje quando vejo em todo canto
Mulheres aceitando sem espanto
O manto negro da submissão,
Pergunto pra Vovô discretamente:
Ninguém querendo, como pode a gente
Dar jeito nessa torta condição?!
João Pessoa, 02/04/2011.
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Auto-retrato de um Poeta doido
Sou um doido matutando
Cá nos pensamentos meus
Se a Lua no céu brilhando
Não seria, contra os breus,
O candeeiro que Deus
Acende e bota no espaço
Pra jogar luz no terraço
Do olhar dos sonhadores;
Outros doidos torcedores
De um mundo menos devasso!
Sou um doido e ao mesmo passo
As estrelas, todas elas,
Assumem no seu regaço
A função da luz de velas;
Faiscando mais singelas,
Pontilhando o firmamento
Que alumia o pensamento
Desse doido que, a granel,
De noite admira o céu
Mergulhado em seu alento!
Sou um doido em tratamento
Pra ficar mais doido ainda,
Que a doidiça é um acalento:
Deixa a vida bem mais linda!
Minha poesia brinda
E bebe dessa doidiça
De ser doido, que se atiça
E viaja doidamente
Nos quase nada que a mente
Não enxerga por preguiça!
João Pessoa, 01/04/2011.
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