sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Andança das coisas - Belo Jardim



A tarde já vem em queda
O dia perdendo os tampos
E em plena Siqueira Campos
O sol desce e se hospeda
Então a lua se arreda
Segue pelo calçadão
Na praça da conceição
Faz um pouco de pantim
E assim em Belo Jardim
A noite dá seu plantão!

Já perto da meia-noite
A cidade é solidão
Que nem mesmo assombração
Não vê quem causar açoite
E as altas horas da noite
Um vento frio varre o pelo
de um cão tendo um pesadelo
Lembrando o dia em que o dono
Lhe jogou no abandono
A dizer não mais querê-lo!

Quando então o sol levanta
Toma um café da manhã
E forte feito um titã
O mundo inteiro abrilhanta
E a lua se desencanta
Se apaga e se aquieta
Fica ali no céu, discreta,
Só descansando um tiquim
E aqui a vida é assim
Ao olhar desse Poeta!

Belo Jardim, 28/10/2011.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Na subida da ladeira

Glosas minhas em cima do mote retirado do livro Poetas Encantadores, do monstruoso paraibano apologista e Poeta Zé de Cazuza.

Eu quero ver quem não cansa
Na subida da ladeira!




Não adianta chorar
E nem fazer cara feia
Viver é levar de pêia
E o mundo gosta de dar
Porém bom mesmo é lutar
Brigar a semana inteira
E rir da segunda-feira
Quando, o domingo, ela avança
Eu quero ver quem não cansa
Na subida da ladeira!

Pra se subir a colina
Não há de haver outro jeito
Viver é não ter direito
De escolher nossa sina
Seu Menino! Essa Menina!
Pode parecer besteira
Mas uma coisa é certeira
Deus não aceita fiança
Eu quero ver quem não cansa
Na subida da ladeira!

Belo Jardim, 24/10/2011.

sábado, 15 de outubro de 2011

Tique-taque



Eu admiro um relógio
Tanto tempo lhe caber
Guarda dias, meses, anos
Vendo tudo transcorrer
E dizendo sem destaque
- Tique-taque, tique-taque
Te levanta e vai viver!

Belo Jardim, 15/10/2011.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O cheiro do teu perfume

Versos do período roedeiro-sofrido deste Poeta que hoje espalha um facho de alegria pelas frestas de um risor constante.

Segue, ainda, a palhinha de uma versão musicada pela Bruna Alves.





Não adiantou ser forte
Dando uma de valente
Ou ter ocupado a mente
Com trabalho, estudo, esporte
Nada fez cascão no corte
Que só a morte resume
Sorte tem quem cedo assume
E chegou o meu momento:
CHORO POR SENTIR NO VENTO
O CHEIRO DO TEU PERFUME!

E s’alguém me vê chorando
Sem ter motivo aparente
Saibam qu’eu choro somente
Porque sigo a amando
E quando estou superando
Qual a luz do vaga-lume
Meu sofrer se reassume
E sem ter discernimento
CHORO POR SENTIR NO VENTO
O CHEIRO DO TEU PERFUME!

João Pessoa, ...2010.

domingo, 2 de outubro de 2011

Se olhar para o mundo e não te ver...

Versos escritos em cima do mote de autor desconhecido:

"Sou capaz de pedir pra ficar cego
Se olhar para o mundo e não te ver"




Nunca tema, querida, por nós dois
Se mulher neste mundo vê-se aos molhos
Só tu sois a menina dos meus olhos
E nenhuma mulher beira o que sois
Que tu sois meu agora e meu depois
Que tu sois o pulsar do meu querer
Que tu sois o “pois não” do meu “por quê?”
Que tu sois a sentença a que m’entrego
Sou capaz de pedir pra ficar cego
Se olhar para o mundo e não te ver!

Que não vale de nada ver o mundo
Se no mundo eu não ver tua beleza
Que meu mundo sem tu perde a grandeza
Fica chocho, sem graça e infecundo
“Me afundo” em pensar por um segundo
O meu resto de vida sem te ter
Eu não sei, mas quem sabe? Vai saber...
Eu só sei que sem tu me desagrego
Sou capaz de pedir pra ficar cego
Se olhar para o mundo e não te ver!

Belo Jardim, 02/10/2011.