sábado, 24 de dezembro de 2011

Tu que me esqueceu



Já não me pego matutando o que seria
Já não me ouço a perguntar se volta a ser
Já não me importa se eu fiz por merecer
Já nem me lembro se você quem merecia
Já não me vale quem dos dois que mais valia
Já desisti de concluir quem mais perdeu
Já me livrei de quase tudo que era teu
Já não encontro em quase nada as semelhanças
Já me esqueci de quase todas as lembranças
Só não ainda de que tu que me esqueceu...

Belo Jardim, 23/12/2011.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Mote bom da mulesta VI

Numa roda de versos altamente internetizada, com a Poetisa Mariana Teles e Thyelle Dias, versando em cima do mote retirado do livro do Poeta Zé de Cazuza; debulhei do juízo essas duas estrofes.

Mote:
"Acredito que Deus está presente
No silêncio da minha solidão!"




Mesmo quando de noite o medo vem
Pelo espaço tamanho do abandono
E carrega os pedaços do meu sono
Pra tentar me fazer o seu refém
Eu sorrio no escuro e vou além
Dou-lhe um susto no medo e logo então
Digo a ele, com mais convicção:
Se garanta comigo qu’eu sou quente
E acredito que Deus está presente
No silêncio da minha solidão!

Me cansei de viver em prol do amor
De ficar procurando uma paixão
De viver chaleirando o coração
E depois me lascando com a dor
A partir de agora e pro que for
Não m’esforço e nem forço outra ilusão
Vou ficar no meu canto e com razão
Pra que um falso amor não me atente
E acredito que Deus está presente
No silêncio da minha solidão!

Belo Jardim, 21/12/2011

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Hei de ser um SER HUMANO



Ando muito diferente
Do que quis ser no passado
Eu queria ser HUMANO
Um SER diferenciado
Mas hoje sou só mais um:
Um bicho homem comum
Andando pra o lado errado!

Eu lembro quando moleque
Não entender a razão
Do menino igual a mim
Na praça, dormindo ao chão
Sujo, sem modo, sem nome
E reclamando de fome
Com aquele barrigão.

Eu lembro quando entendi
O absurdo daquilo
Do menino igual a mim
Mas com físico de um grilo
Um bucho só de lombriga
Sem amparo ou mão amiga
De quem passava tranquilo.

Eu lembro quando eu ouvi
Qu’eu seria um dia alguém
E o menino igual a mim
Nunca seria ninguém
Qu’a sorte que Deus me deu
Pro menino ele esqueceu
Ou não quis lhe dar também.

Eu lembro que quis crescer
Pra então mudar o mundo
Onde o povo diz que Deus
Faz algo tão infecundo;
Mas cresci, ficando assim,
E o menino igual a mim
Rotulei por vagabundo.

Fiquei muito diferente
Do que quis ser no passado
Eu queria ser HUMANO
Um SER diferenciado
E perdi-me da proposta
Hoje sou outro ser bosta
Mas eu mudo esse traçado!

Inda é tempo, isso é verdade,
Antes de chegar ao fim
Tenho muito qu'aprender
Pra fechar meu boletim
Hei de ser um SER HUMANO
Contra o destino tirano
Do menino igual a mim!

Belo Jardim, 20/12/2011.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Comentário do Poeta Brás Ivan



Comentando a foto acima, retratada numa confraternização feita por mim e outro estagiário para o colaboradores da fábrica onde atualmente atuo, o malassombrado Poeta/Padre Brás Ivan disse:

A mesa de bar revela,
Coisa ruim e coisa boa
Mas a mesa dessa foto
É da amizade a loa
Jessé! Não terás castigos
Quem tem tanto assim de amigos
Só pode ser gente boa!


Aí, tentando dar ao Poeta a dimensão do quanto esses cabras são grandes de alma e humanidade - indiferente diplomas, cargos e a mulesta a quatro - eu disse:

Pessoas de grande apanha
Seres extraordinários
Indiferente seus cargos
Seus diplomas ou salários
De corpo, alma e tutanos
São grandes seres humanos
Que dispensam comentários!


Belo Jardim 17/12/2011.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Carroça da vida



Eu comparo nossa vida
Como fosse uma carroça
Cada um é seu carreiro
Indo pr’onde achar que possa
E a depender do rumo
Às vezes se perde o prumo
Em caminhos mal tomados,
De pedras, curvas, ladeiras;
De sei lá quantas porteiras
Repletas de cadeados!

E quando a gente acelera
Na pressa do “quero agora”
A carroça segue oca
Pelos caminhos afora
Com sua carroceria
Completamente vazia
De qualquer aprendizado
Segue assim desembestada
Mas chega ao fim da estrada
Sem ter de nada agregado.

Quando vamos devagar,
A carroça rende mais
Tendo tempo de agregar
As coisas que a estrada trás
Segue a carroça da vida
Sendo então abastecida
Com sacos de pensamentos
Humildade, humanidade
Tristeza, felicidade,
E outros tantos sentimentos!

E se a carroça da vida
Se trupica num buraco
Do estoque de alegria
Vez por outra cai um saco
E com alegria a menos
Nos sentimos tão pequenos
Que a viagem desanima
Mas, com fé, um peregrino
Que atende por destino
Joga 10 sacos pra cima!

Belo Jardim, 14/11/2011

Faz parte - Versos femininos



Queria ser, lá que fosse
Do teu gosto alguma arte
Do teu frevo uma sombrinha
Do teu bloco um estandarte
Mas se tu não quer qu’eu seja
Faz parte não ser, faz parte...

Bem melhor ser o enfarte
No peito de quem me quer
Quando solta e semi-nua
Dispa de pudor qualquer
Entregar-me a este tolo
Sem sentir nada sequer...

Faz parte, meu bem, faz parte
Viver é isso ou não é?

Belo Jardim, 15/12/2011

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Respostinha encabulosa

Ao ser perguntado sobre minha saudade, eu disse:



Saudade é palavra pouca
como é pouco tudo o mais
se fosse pra ser saudade
a falta que tu me faz
não sobraria saudade
dentre todos os mortais!

Belo Jardim, 14/12/2011.

A menina dos meus olhos



A menina dos meus olhos
tem os olhos clareados
que do verde pro castanho
deixam meus olhos vidrados
e meus olhos nos seus olhos
não enxergam maus-olhados!

Belo Jardim, 14/11/2011

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

É capaz de pensar que me amaste



Eu mudei, tu mudaste, nós mudamos
O que fomos não somos, hoje, mais
Quando o ano passou ficou pra trás
Um pedaço de nós que não usamos
E agora que nos reencontramos
Eu te olhando percebo que mudaste
Mas se queres saber, só melhoraste
Com o tempo ganhaste mais encanto
E teus olhos me olhando brilham tanto
Qu’é capaz d’eu pensar que me amaste!

Belo Jardim, 06/12/2011.

Saudade sem vergonha



Bem queria, nessas horas
Que me sinto mais sozinho
Desfrutar do arrepio
Que me vem do teu carinho;
Bem queria, nesse instante
Ser nós dois num só quadrante
Braços, beijos, tudo o mais...
Que aí - Ave Maria! -
Até Deus se assombraria
Na altura dos teus ais!

Belo Jardim, 06/12/2011.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Ser dois sem ser completo



Por medo de ficar só
O ser humano s‘entrega
Com o tempo se apega
Confundindo amor com dó
E fica naquele nó
Pensando que amor é isso...
Mas amor tem um feitiço
Muito maior que o medo
Vou esperar, inda é cedo
Amar é meu compromisso!

Bem prefiro ser sozinho
A ser dois sem ser completo
Não quero caminho reto
Quero ir reto em meu caminho
Ser passarinho sem ninho
Sem companheira até quando
O amor chegue voando
Cantando e batendo as asas
Espantando as paixões rasas
E de vez me completando!

É triste quem se ilude
Por medo da solidão
E que pensa ter razão
Nessa sua atitude
Porém, que Deus os ajude
A não sentir o tormento
Afastando o pensamento
De s’arrepender um dia
Do amor de hipocrisia
Que finge qu'é sentimento!

Belo Jardim, 28/11/2011.

domingo, 27 de novembro de 2011

Ao trio, com Esmero III

Dedicada aos meus grandes amigos, Filipe e Roberto Apolinário.




Amigos, des’que nascemos?
Amigos, porque dizemos?
Amigos, no que vivemos?
Amigos, porque será?
Por nossa cumplicidade?
As resenhas d’outra idade?
Onde está nossa amizade?
Pois eu sei onde é que está!

Tá bem aqui no meu peito
Num cuviquinho mal feito
Que eu fiz por não ter jeito
De estamos sempre perto
E quando a saudade aperta
O meu peito se alerta
Uma lembrança desperta
E assim eu me conserto...

Lembrar de antigamente
Daquele tempo em que a gente
Via tudo diferente
Sem responsabilidade
Mesmo sem ser o bastante
Como hoje estou distante
É a solução restante
De viver nossa amizade!

Belo Jardim, 27/11/2011.

sábado, 26 de novembro de 2011

Entre anjos da guarda



Rosa é todinha de sorte,
Disse seu anjo da guarda,
Não há bala de espingarda
Nem instrumento de corte
Doença ou coisa de morte
Que perturbe sua vida
E, sendo assim, minha lida
É tão chata que entedia
Já tem pra mais de "mil dia"
Qu’eu nem saio da guarida

Pois comigo é diferente,
Disse o anjo doutro lado,
Que Quelé, o meu guardado,
Tá demais inconseqüente
Pois gamou perdidamente
Por Rosa, sua guardada,
E buscando pela amada
Vive num fino da morte
Em instrumento de corte
E em tiro de espingarda!

Por isso meu camarada
Que a muito eu não descanso
Minha lida é puro ranço
Não tenho tempo pra nada
Vivo metido em roubada
Salvando meu protegido
Feliz é você, querido,
Que não tem o que guardar
E nem vive a se estrepar
Por um mal agradecido!

João Pessoa, 04/09/2010.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Quando ela se foi



Que quando alguém se vai das nossas vidas
Leva consigo um pedaço da gente
E deixa um algo seu na nossa mente;
Eu já sabia, d’outras despedidas...

Mas dessa vez não foi somente isso
Um algo aconteceu de diferente
Que quando ela partiu me vi descrente.
Não sei por que, mas me senti sem viço...

Foi como se ali depois do fim
Ela tivesse levado de mim
Bem mais que um pedaço do que sou

Partindo, sim, com a minha alma inteira
Deixando um corpo oco a derradeira
Da história do amor que se acabou!

Belo Jardim, 21/11/2011.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Malandro enroscado

Sabe aqueles caboclos que acham que nunca vão se amarrar? O tipo cabra que se acha o malandrão, o impenetrável, o modafoquer, o supra-sumo do cu do pato; jura que manda e desmanda nas aleatoriedades do mundo, jura controlar a mulesta a quatro e na verdade não manda em bobônica nenhuma?!

Pois imaginem esse cidadão quando dá de cara com uma paixão... quer dizer, uma não, duas...



Minha nossa senhora, eu tou lascado!
Bem verdade que o tempo faz das suas
E eu que tava enrolando todas duas
Pelas duas me encontro abestalhado!
Como pode um malandro apaixonado
Sem saber qual fazer de namorada?
Uma é linda e demais desenrolada
Mas a outra é meiguice sem limite
E o meu peito está feito dinamite
Vendo a hora explodir por quase nada!


Belo Jardim, 18/11/2011.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Nosso amor da besta-fera



Se não fosse o ser, não era
Se não fosse o tá, não tava
Se não fosse bom, minguava
Nosso amor da besta-fera;
Mas de tão bom se supera
E de tão grande ele alcança
A distância que avança
Nesse chão que nos separa
E de tanto ser, não para
De ter sempre uma esperança.

Esperança na melhora
Num futuro mais sereno
Onde um tempo mais ameno
Tenha mais tempo que agora
Mas enquanto não aflora
A melhora em nossa agrura
Nosso amor inda segura
Tudo quanto é empecilho
Como quem anda no trilho
Do trem que leva a loucura!

Belo Jardim, 15/11/2011.

domingo, 13 de novembro de 2011

Retalhos sobre saudade

Sextilhas minhas, tiradas de uma peleja feita com a poetisa Mariana Teles:



Na vida de um Poeta
O amor não tem paragem
Que o poeta é um navio
Em uma eterna viagem
Pulando de porto em porto
Amando por cabotagem

E a saudade é uma ferida
Que dá a gota e não sara
Nem mesmo com a pomada
De melhor marca e mais cara
E pereba de saudade
Nenhum band-aid mascara!

Em cada hora pulsada
Mais saudade se rebela
Dói no peito, rasga a alma
Molha o olho e mancha a tela
Pois cada hora que passa
E outra hora sem ela!

Mas nem com tanto lamento
Saudade não é ruim
Também não chega a ser boa
Porém ela espanta o fim
E pro fim nunca chegar
Eu levo a saudade em mim!

João Pessoa, 18/06/2011.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O orfanato



22 passados tristes
22 amarguras
22 futuros duros
Pra 22 ternuras
São 22 crianças
22 esperanças
22 almas puras!

22 anjos sofridos
A viver num purgatório
22 elegias
Num sorriso aleatório
São 22 pequeninos
São mais 22 destinos
Neste mundo predatório

22 quase esquecidos
Por bilhões de indiferentes
22 solidões
Num mundo cheio de ausentes
Quando neste orfanato
A presença, mais que um ato
Vale 22 presentes!

Belo Jardim, 03/10/2011.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Dinheiro e status não se comem

Poesia nascida e apresentada na Semana Interna de Prevenção ao Acidente de Trabalho e Meio Ambiente (SIPATMA) da Acumuladores Moura S/A, onde este Poeta Abusador anda engenheirando e inventando versos:





Já pensaram se a gente não tivesse
Uma sombra de árvore na rua
E o concreto encobrisse o sol, a lua
E o restante qu’é verde, vivo e cresce?
Já pensaram se o mundo muito aquece
E os bichos tudinho vão e somem
O que peste seria então do homem
Que mulesta qu’a gente ia comer
Como é que a gente ia viver
Se dinheiro e status não se comem?

Do que nós precisamos pra viver?
Precisamos de carros, de dinheiro
Ou ar puro, nascentes e um terreiro
Onde é verde o que a vista percorrer?
E o futuro, como é qu’ele vai ser?
Se ninguém não puxar o “frei-de-mão”
Da selvagem e vil devastação
E da poluição que a gente gera
É cruel, mas, ficando assim, já era
Nossos netos, coitados, pagarão...

É por isso que tão fundamental
Quanto é tomar banho e se limpar
É também o planeta preservar
Afinal ele é nosso quintal.
Inda cabe remendo nessa tal
De camada de ozônio já furada
Cada um pegue a pá e a enxada
E cultive de forma consciente
Nosso meio e tão frágil ambiente
Que sem ele ninguém aqui é nada!

Belo Jardim, 31/08/2011.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O caminho é mesmo assim



Quem pedir informação
Aqui no Belo Jardim
Vai ter a explicação
Sempre do mesmo jeitim:
Na casa verde má feita
Pode drobar as direita
Depois pode ir c’a mulesta
Adepois tu droba “assim”
Faz “assim”, depois “assim”
Que a rua é mesmo esta!

Belo Jardim, 02/11/2011.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Andança das coisas - Belo Jardim



A tarde já vem em queda
O dia perdendo os tampos
E em plena Siqueira Campos
O sol desce e se hospeda
Então a lua se arreda
Segue pelo calçadão
Na praça da conceição
Faz um pouco de pantim
E assim em Belo Jardim
A noite dá seu plantão!

Já perto da meia-noite
A cidade é solidão
Que nem mesmo assombração
Não vê quem causar açoite
E as altas horas da noite
Um vento frio varre o pelo
de um cão tendo um pesadelo
Lembrando o dia em que o dono
Lhe jogou no abandono
A dizer não mais querê-lo!

Quando então o sol levanta
Toma um café da manhã
E forte feito um titã
O mundo inteiro abrilhanta
E a lua se desencanta
Se apaga e se aquieta
Fica ali no céu, discreta,
Só descansando um tiquim
E aqui a vida é assim
Ao olhar desse Poeta!

Belo Jardim, 28/10/2011.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Na subida da ladeira

Glosas minhas em cima do mote retirado do livro Poetas Encantadores, do monstruoso paraibano apologista e Poeta Zé de Cazuza.

Eu quero ver quem não cansa
Na subida da ladeira!




Não adianta chorar
E nem fazer cara feia
Viver é levar de pêia
E o mundo gosta de dar
Porém bom mesmo é lutar
Brigar a semana inteira
E rir da segunda-feira
Quando, o domingo, ela avança
Eu quero ver quem não cansa
Na subida da ladeira!

Pra se subir a colina
Não há de haver outro jeito
Viver é não ter direito
De escolher nossa sina
Seu Menino! Essa Menina!
Pode parecer besteira
Mas uma coisa é certeira
Deus não aceita fiança
Eu quero ver quem não cansa
Na subida da ladeira!

Belo Jardim, 24/10/2011.

sábado, 15 de outubro de 2011

Tique-taque



Eu admiro um relógio
Tanto tempo lhe caber
Guarda dias, meses, anos
Vendo tudo transcorrer
E dizendo sem destaque
- Tique-taque, tique-taque
Te levanta e vai viver!

Belo Jardim, 15/10/2011.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O cheiro do teu perfume

Versos do período roedeiro-sofrido deste Poeta que hoje espalha um facho de alegria pelas frestas de um risor constante.

Segue, ainda, a palhinha de uma versão musicada pela Bruna Alves.





Não adiantou ser forte
Dando uma de valente
Ou ter ocupado a mente
Com trabalho, estudo, esporte
Nada fez cascão no corte
Que só a morte resume
Sorte tem quem cedo assume
E chegou o meu momento:
CHORO POR SENTIR NO VENTO
O CHEIRO DO TEU PERFUME!

E s’alguém me vê chorando
Sem ter motivo aparente
Saibam qu’eu choro somente
Porque sigo a amando
E quando estou superando
Qual a luz do vaga-lume
Meu sofrer se reassume
E sem ter discernimento
CHORO POR SENTIR NO VENTO
O CHEIRO DO TEU PERFUME!

João Pessoa, ...2010.

domingo, 2 de outubro de 2011

Se olhar para o mundo e não te ver...

Versos escritos em cima do mote de autor desconhecido:

"Sou capaz de pedir pra ficar cego
Se olhar para o mundo e não te ver"




Nunca tema, querida, por nós dois
Se mulher neste mundo vê-se aos molhos
Só tu sois a menina dos meus olhos
E nenhuma mulher beira o que sois
Que tu sois meu agora e meu depois
Que tu sois o pulsar do meu querer
Que tu sois o “pois não” do meu “por quê?”
Que tu sois a sentença a que m’entrego
Sou capaz de pedir pra ficar cego
Se olhar para o mundo e não te ver!

Que não vale de nada ver o mundo
Se no mundo eu não ver tua beleza
Que meu mundo sem tu perde a grandeza
Fica chocho, sem graça e infecundo
“Me afundo” em pensar por um segundo
O meu resto de vida sem te ter
Eu não sei, mas quem sabe? Vai saber...
Eu só sei que sem tu me desagrego
Sou capaz de pedir pra ficar cego
Se olhar para o mundo e não te ver!

Belo Jardim, 02/10/2011.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A galega do banheiro

Um causo malamanhadamente verídico. Bem dizer, pura safadeza de quem garantir que é verdade.

Mas é aquela coisa... foi fulaninho que me disse que disseram a ele e eu vou dizer pra vocês aqui, mas que fique só entre nós:






Coisas do “malassombrado”
Se inventam todo dia,
Lá na Moura também tem...
(E porque que não teria?)
Afinal em toda prole
Tem um cabra besta e mole
Que tem medo, é “chêi” de trauma
E da sua própria sombra
Toma um susto, se assombra
E diz que viu uma alma!

Pois na Moura tem a tal
Da galega do banheiro
Que assombra todo o qual
Que de noite, em seu terreiro,
Vai aliviar seu pino
Da bexiga e intestino
Dando aquela barrigada
Quando então o vulto alado
Aparece assim do lado
Assombrando o camarada!

Imagine só a cena:
Lá de noite, no banheiro,
Tá o cabra “aperreado”
Vem do nada um nevoeiro
Donde surge uma galega
Que, de branco, se achega
Assustando esse coitado
Que foi fazer o “serviço”
E ao ver o rebuliço
Sai correndo “serviçado!”

Pela fábrica, correndo,
Vai o cabra sem a veste
“Valei-me meu Padim Ciço,
Me proteja dessa peste!”
E o povo trabalhando
Para e fica admirando,
Cada um mais assombrado
Da galega do banheiro
Que fez outro companheiro
Se desembestar obrado!

É demais um troço desses
Dá trabalho acreditar
Mas tem gente que garante
Que ouviu ela chamar
Outro diz, achando pouco,
Que quem vê termina louco
Que o juízo se arrasa
E na dúvida eu escolho
Por no fundo um bom ferrolho
E só liberar em casa!

Não qu’eu tenha medo ou nada
Qu’eu não temo torniquete
É porque s’eu pego ela
Ia ser tanto cacete
Que depois vai que me venha
Uma Maria da Penha
Cheia de “queré-quequer”
Com “dizido” de cadeia
Só porque “desci-la” peia
Numa assombração mulher!

Belo Jardim, 02/09/2011.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Uma carreta carregada de beleza



Ela é, bem dizer, uma carreta
Carregada de amor e de beleza
Que no meu coração, com ligeireza
Entrou forte e caiu pela banqueta
Retornou, mas voltou meio cambeta
Foi do lado esquerdo pro direito
Rabiou e aí não teve jeito
Na brecada perdeu-se e se tornou
A carreta de amor que capotou
Na estrada que passa no meu peito!

Belo Jardim, 22/09/2011.

domingo, 25 de setembro de 2011

Mote bom da mulesta V

Duas glosas minhas no mote arrombólico do Poeta Felipe Jr:

Acordei sentindo o gosto
Da tua boca na minha




Eu dormindo Deus chegou
E no meu sonho me disse
Pra que eu me decidisse
Foi assim qu'ele falou:
“Você pede e eu te dou;
Ser rico, belo, adivinha...”
E eu fugindo essa linha
Depois do pedido imposto
Acordei sentindo o gosto
Da tua boca na minha!

Simplesmente foi demais
Aquele beijo da gente
Qu’eu ainda estou demente
E a mente querendo mais
Fui dormir buscando paz
Mas sonhei que você vinha
Eu te beijava todinha
E quando chegava ao rosto
Acordei sentindo o gosto
Da tua boca na minha!

João Pessoa, 16/12/2010.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A chuva da despedida

Aqui uma décima antiga, referente ao dia diluvioso e tororento em que deixei minha querida João Pessoa, onde eu disse:



No adeus dito de lado
Pra não ser tão doloroso
Senti o gosto amargoso
Do “até!” incalculado
E assim fui arrastado
Pra outra fase da vida
Abraçado na partida
Pelo vento frio soprando
E o céu num “tchau”, chorando
A chuva da despedida!

João Pessoa, 16/06/2011.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Veio aqui pra me acordar



Logo cedo eu acordei
Me sentindo diferente
Quando o olho arregalei
Tinha alguém na minha frente
Passei uns 30 minutos
Com os olhos resolutos
Sem saber acreditar
Mas eu juro ser verdade
Hoje a tal felicidade
Veio aqui pra m’acordar!

Como pode ser assim
Um norte surgir do sul
O cinza encontrar um fim
Tudo enfim ficar azul
E o sentido, outrora chocho,
Ver um riso leso e frouxo
S’atirando peito afora?
Como pode amanhecer
E o mundo parecer
Que tá mais bonito agora?

Como pode, eu já não sei...
Mas vou perguntar pra ela
Pois foi nela qu’encontrei
A questão dessa querela
Que foi justo logo após
De juntarmos nossos nós
Que tudo s’embananou
E o que ela me faz ver
Só irá compreender
Quem um dia já amou!

João Pessoa, 20/08/2011.

sábado, 17 de setembro de 2011

Tibêi minha razão



Não consigo ver sentido
Nisso qu’eu tenho sentido
Dentro do meu coração
Mas pra quê saber por quê
Se é só nós dois se ver
E "tibêi" minha razão!

João Pessoa, 17/09/2011.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O plano



“Tenho um plano!” Ela lhe disse.
Ele então lhe respondeu:
Fale logo, Berenice.
Diga o que s’assucedeu!
Berenice disse: Nego,
Nós se casa, arruma emprego
Têm seis fí... ó coisa linda!
Aí ele disse: Nice,
Deixe das suas tolice
Qu’eu não fiquei doido ainda!

- Que mulesta trabaiá
Eu tou lá bestando agora?
Eu sou muito mais rogá
Que o povo dá na hora
E tu quer casar pra quê
Se nós já vévi a meter
Cá debaixo dessa ponte...
Esse teu plano é perdido
Só os fí que faz sentido
Ia ser dinheiro aos monte!

Belo Jardim, 15/09/2011

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Hoje não espero mais...



Eu já esperei de alguém
O que não se pode dar
Como quem pensa que’um rio
Tem poder de encher o mar
Ou que’o sopro é que governa
Pra que lado corre o ar!

Eu já esperei de alguém
Muito mais do que devia
Como quem espera a lua
Brilhar mais que’o sol, de dia,
Como quem espera um sonho
Sem notar que já dormia...

Eu já esperei de alguém
Tudo que não sou capaz
Mas d’um tanto eu esperei
Que’aprendi como é que faz
E sem esperar mais nada
Surpreendo-me bem mais!

Belo Jardim, 13/04/2011.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Soneto do tio-padrinho babão



Não há graça no mundo que desabe
Na ventura de ter tua pessoa
E eu aqui sem saber se você sabe
Vou dizer pra você saber na proa:

Meu xodó, coisa linda que povoa
Todo amor que no meu peito se cabe,
S’essa vida tem sido um pouco boa
É do pouco da vida que te cabe

Tu tens sido um remo e navegas
A canoa da vida, onde eu sigo
Navegando no mar da existência

Nunca mais vou levar a vida às cegas
Qu’essa vida vivida assim contigo
Vai ter muito mais brio e consistência!

João Pessoa, 13/06/2011.

Alegoria II



Ah, se me fizessem dois
Nunca que ia prestar
Pois se me fizessem dois
Eram dois a te amar
Eram dois mas, os dois, eu,
Pleiteando um beijo teu
Até quando eu te beijasse
Mas aí eu me lascava
Que um eu só sossegava
Quando, o outro eu, chifrasse!

Belo Jardim, 12/09/2011.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Mote bom da mulesta IV

Glosando o mote de Felisardo Moura

"No terreiro da casa do meu peito
Nasce um pé de saudade todo dia"




Tão distante da minha antiga vida
Outro mundo se abre em minha frente
Onde o novo reluz tão vivamente
E a mudança se faz tão desmedida
Que uma nuvem de sonhos, incontida
Um toró de lembranças principia
E a lembrança, chovendo, me arrepia
Com a falta que sinto e não tem jeito:
No terreiro da casa do meu peito
Nasce um pé de saudade todo dia!

Nasce um, nascem dois e nascem três
Nascem quatro, quarenta, quatro mil
E as lembranças fazendo replantio
Nascem dez Amazônias de uma vez
Se brincar, nasce até pé em vocês
Que a saudade tem muita ramaria
E a semente tem tanta energia
Que somente d’olhar já faz efeito
No terreiro da casa do meu peito
Nasce um pé de saudade todo dia!

Belo Jardim, 07/09/2011.

sábado, 3 de setembro de 2011

Do mesmo jeitinho



Se num novo alvorecer
Deus mandasse eu escolher
O lugar onde nascer
Nem piscava na resposta
Sem nenhum queré-quequé
Dizia, fincando o pé:
Quero um pai feito Jessé
E um avô feito Seu Costa!

Quero de novo o caminho
De me criar Jessezinho
Por entre a flor e o espinho
Arranhando-me altamente
Mas tendo em casa o incentivo
Do pai que faz curativo
E nos diz: Filho, é levito
Arranhar-se pra ser gente!

Eu quero um pai de torar
Em quem possa m'espelhar
Pra quem sabe me tornar
Um alguém que valha a pena
E se for pra escolher
Quero de novo nascer
Bem aqui, pra reviver
Dessa vida cada cena!

Timbaúba, 14/08/2011.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Aos cegos!



De repente me vi triste
Numa tristeza tão crua
Que constatei que consiste
Do que vi ontem na rua.
Nem foi tanto pela cena
Da criança tão pequena
A dormir numa calçada;
Fiquei triste mesmo quando
Vi as pessoas passando
Como que não vissem nada!

Belo Jardim, 29/08/2011.

Outra quase Santa



No dia que deu por gostar de Leléu,
Tereza de Joca perdeu-se na vida;
Vestiu um vestido, se fez esculpida
Soltou seus cabelos, ficou um pitéu;
Querendo o pecado esqueceu-se do céu
Chegou em Leléu e danou-lhe um olhar
Que, vixe Maria, Leléu sem piscar
Sumiu com Tereza detrás duma planta
E lá se perdeu outra quase que Santa.
Tem vaga no céu e ninguém pr’ocupar!

Belo Jardim, 29/08/2011.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A falta qu'ela me faz



Todo dia eu me acordo
Com o peito só metade
Bebo um gole de saudade
Me engasgo e me transbordo
Toda vez que me recordo
Do seu beijo tão mordaz
Lá se vai a minha paz
Ganho mais é outro arranho
SÓ DEUS SABE DO TAMANHO
DA FALTA QU'ELA ME FAZ!

Belo Jardim, 25/08/2011.

Uma dedada de poesia no fiofó do juízo

Hoje cá estou, morando em Belo Jardim e estagiando numa das maiores fábricas de acumuladores do mundo (maior da América Latina). E se estou aqui, devo este fato a uma certa dedada de poesia que dei no fiofó do meu juízo.

Digo isso porque fui doido ao ponto de chegar de cara com os gestores do grupo MOURA e fazer uma apresentação em formato de poesia (quadras). Foi assim que dei essa tal dedada de poesia no boga do meu juízo, uma dedada tão certeira que cá estou.

Já faz tempo desse fato ocorrido, mas só agora decidi espalhar o fuxico. Deixo logo abaixo as quadras que declamei, para os gestores, na forma de auto-apresentação quando fiz a seleção de estágio. E aproveito também pra pedir desculpas e compreensão pela falta de constância nas postagens que hão de vir.

Agora a vida está me fazendo mais engenheiro que poeta...

Abraço a todos,
Jessé Costa

********




Sou filho de Timbaúba
A princesinha serrana
Ontem terra dos calçados
Hoje da rede e da cana

Sou o neto de Seu Costa
Homem de garra e valor
Que desde cedo na luta
Tornou-se um grande pintor

Sujeito de mente vasta
Que aprendeu a ler sozinho
Homem de alma or-concur
Dele eu imito o caminho!

Sou o caçula de “Bel”
E o mais novo de Jessé
Ele um exemplo de força
Ela um exemplo da fé!

Desde de pequeno inquieto
Um menino buliçoso
Devo tudo que hoje sei
Ao meu “porquê?” curioso

Eu me divirto com tudo
Fã de uma boa conversa
Mas se algo não me agrega
Pra lazer não me interessa!

Que ao sair de Timbaúba
Fui buscar na capital
Condições pra alcançar
Meu maior potencial!

E não tou pra brincadeira
Que só se vive uma vez
Tou buscando nessa vida
Fazer o que ninguém fez

Acredito ser capaz
Proativo e criativo
Engenheiro para o mundo
Pra melhorar onde vivo!


João Pessoa, 18/05/2011.

domingo, 14 de agosto de 2011

Causo: Manezinho "chêi" de onda



Manezinho, "chêi" de onda
Conversador de lorota
"Contadorzin" de vantagem
Que a todos julga idiota
Um “sem tempo pra pirraça”
Que o povo diz, quando passa:
“Lá vai aquele derrota!”,
Terminou mordendo a língua
E agora tá na míngua
Sendo alvo de chacota!

Pois, “antonte”, o afamado
Que de tanto tá na rua
Falando da vida alheia
Esquecendo-se da sua,
Se passou por um vexame
Que nunca mais deu ditame
Na vida de nenhum Zé
Do “tamãe” do tiro errado
Que Mané deu enganado
No peito do próprio pé!

Pois que o dito era corno
Só ele que não sabia
Mas também querer o que
Se não mais comparecia?
E até aí tudo bem:
A mulé dando o xerém
Pr’os "Boyzin" tarado e novo
E "Manezin" pelas praças
Tripudiando as desgraças
Que descobria do povo!

Mas porém, no mês passado
Tava ele na calçada
Conversando sobre a chuva
E a Nega já abusada
Quando Biu-língua-de-foice
Fofoqueiro de dar coice
Vinha passando na hora
E me contou que a mulé
Deu de luva em Mané
Como eu já vos digo agora:

"Manezin" falando alto
Pra dizer que é bom de peia
Disse: eu queria mesmo
Qu’esse rio desse uma cheia
Pra sair levando “os corno”
Pr'um caminho sem retorno
Pra nenhum aqui ficar.
E a mulé disse irrequieta:
Manezinho, tu se aquieta
Que tu não sabe nadar!

Ele disse: Ouxe, mulé
Que conversa errada é essa?
E Ela disse: Ah, Mané
Lhe sou gaieira confessa
E “dos corno” que aqui tem
Tu não perde pra ninguém
E nem venha com dissídio
Que querendo mal a corno
Você deseja o transtorno
De cometer suicídio!

Eita tomada de rabo
Lascou-se bem na emenda
E Biu tratou de dar cabo
Espalhando essa contenda
Já Mané, do embaraço,
Na praça virou palhaço
Nenhuma moral lhe resta
E se alguém fala de corno
Tenta esconder o adorno
Que a mulé lhe põe na testa!

Timbaúba, 14/11/2011.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Testamento de um sonhador frustrado



Quando me for, moribundo,
Caso algum desocupado
Do meu legado no mundo
Queira fazer fuxicado
Pode assim o condensar:
Nasceu vivo e foi lutar
Pra, quem sabe, ser alguém,
Mas vendeu a alma à-toa;
Foi até boa pessoa
Mas morreu sem ser ninguém!

Belo Jardim, 10/08/2011.

sábado, 6 de agosto de 2011

Predúdio de um algo novo



Tal passarinho que, enfim,
Quebra a casca e sai do ovo;
Tou eu, em Belo Jardim,
Descobrindo um mundo novo.
Vim pr'aqui porque queria
Exercer engenharia
Pr'o planeta melhorar
E tal esse passarinho
Sei que demora um tempinho
Mas eu sei que vou voar!

Como sonho em voar bem
Seguirei com paciência.
Com o tempo o tempo vem,
Afoiteza é imprudência.
Hei de m'espelhar na cena
Do beija-flor que, sem pena,
Leva um tempo pra voar;
Porém, quando empluma o peito,
Faz o voo mais perfeito;
Sabe até parar no ar!

Belo Jardim, 06/08/2011.

sábado, 30 de julho de 2011

Oitava pra quando voltar



Logo assim, quando eu voltar,
Vou atrás de te encontrar
Que só tu pra me salvar
De tanta calamidade
Pois eu vou voltar boiando
E já quase me afogando
Com o peito transbordando
De tanto sentir saudade!

Timbaúba, 30/07/2011.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Meio Sísifo ou sei lá.



Sempre fui, desde novo, aventureiro
Nunca tive querença pelo fácil
Quando Deus me inventou, pois no prefácio
Que por ser um Poeta assim matreiro
Do amor eu só sentiria o cheiro
E que eu viveria no seu faro
Desde então, é assim que vivo. E claro,
Nessa busca incessante e sem sentido
Muitas vezes pensei ter conseguido
Mas o amor sempre foge quando eu paro!

João Pessoa, 26/07/2011

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Ao trio, com esmero II



O tempo desce a ladeira
Como um caminhão sem freios
Levando no seu baú
Nossas tardes de recreios
Mas o afeto, entretanto,
É graúdo de um tanto
E tem tanta validade
Que nem daqui a 100 anos
O tempo não causa danos
Pra matar nossa amizade!

Timbaúba, 21/07/2011.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Primeira tirada poética ao Pajeú das Flores



Pelas andanças da vida, por uma esquina do tempo, numa topada do destino... Lá estava eu no meio de um ajuntamento de Poetas de primeira apanha, na casa do Padre/Poeta Bras Costa em Riacho do Meio (distrito de São José do Egito).

Foi, essa, minha primeira tirada poética ao Pajeú das Flores – uma terra encantada, onde poesia de qualidade brota do povo como fosse um mato de buniteza brotando espontaneamente no terreno da imaginação.

Valeu demais a viagem, principalmente por ter estado na presença e trocado idéias com poetas como: João Paraibano, Sebastião Dias, Caio Meneses, Cícero Moraes, Raphael Moura, Ricardo Moura, Renato Moura e o próprio Bras Costa.

Segue, logo mais abaixo, um vídeo registrado por Cícero Moraes, onde eu apareço me enxerindo, a convite do Poeta Bras Costa, em declamar uma poesia de minha autoria. Isso logo depois da apresentação do malassombrado Caio Meneses e dos repentistas João Paraibano e Sebastião Dias. Ora, pense num atrevimento!



Contudo, pseudo-exibicionismo aparte, o caso é que sou fã demais desses fenomenais Poetas populares, improvisadores do inacreditável, desarranjadores das coisas tristes da vida e empeleiteiros da construção do belo nesse mundão sem cercas e sem porteiras.

E como costumo dizer: minha poesia é um menino sem mãe correndo em cima do muro que separa a loucura da razão.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Gratidão à Filipéia



João Pessoa, terra amada
Que tanta coisa me deu
Mesmo sem ser filho teu
Hoje ao seguir minha estrada
Parto de alma enlutada
E o coração pequenino
Pois pra ti cheguei menino
E estou partindo homem feito
Mas vou contigo no peito
E que me venha o destino!

João Pessoa, 14/07/2011.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Mote bom da mulesta III

Versos no mote do poeta Raphael Moura, passado pelo poeta Cícero Moraes:

"A correia dentada se partiu
E o motor da paixão se desligou"



O meu peito, altamente automotivo
Eu deixei pilotar a minha amada
Porém ela não era habilitada
E agora eu já sei por qual motivo
Pois guiando tal qual um fugitivo
Numa curva dum sonho, quando entrou,
Uma marcha trocada ela engatou
Que a biela empenou, pistão zuniu
A correia dentada se partiu
E o motor da paixão se desligou!

Hoje meu coração só tem banguela
Que, o motor, a danada destroçou
E na vida que eu sigo, pr’onde vou
Levo nele os estragos todos dela
Inda range, batendo a manivela
Inda arde uma vela que restou
Inda resta do óleo que vazou
Mas, prestando, nem a partida a frio
A correia dentada se partiu
E o motor da paixão se desligou!

João Pessoa, 06/07/2011.