terça-feira, 30 de setembro de 2008

Lobby Celestial

Fui falar com o cupido,
Pense numa confusão,
Tinha lá uma multidão
Explanando seus sentidos
Mas eu, sujeito metido,
Cheguei às oiças do anjo
Disse: “Meu amigo arcanjo
Me conquiste esta senhora
Que’u falo com Deus agora
E asas novas te arranjo”!

(Jessé Costa)

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Cabaço

O “C” andando na frente
O “A” seguindo seus passos
E logo em subseqüente
O “B” rebocando o “AÇO”
Pra na justaposição
Danar-se a complicação
Lá vai embora um CABAÇO!

(Jessé Costa)

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Recesso

Aproveitando que a UFPB arreganhou-me férias de uma semana, tirei um tempo pra me versar melhor na arte armorial encantatória da escrita. Nesses dias estou lendo um livro do Papa Berto I, da santíssima Igreja Católica Apostólica Sertaneja. O livro chama-se O ROMANCE DA BESTA FUBANA e eu aqui lhes deixo com um trecho desta históra singularmente nordestina:


“- Sou diplomado. Não tem coisa debaixo do sol que não esteja no meu conhecimento. Sei desde a ciência geométrica e o estudo do triângulo retângulo até os segredos das ciências ocultas. Conheço o Brasil nas quatro esquinas e já viajei de navio. Estive na guerra da Itália e sou capaz de vasculhar a terra dos estrangeiros igual eu ando nas ruas de Ingá do Bacamarte, na Paraíba do Norte, onde nasci. Me criei solto, pegando chuva, suor e sereno, e desde novinho aprendi a caçar o ganho para minha sobrevivência. Com doze anos, já estava no mundo. Não sou rico, mas tenho o almoço e o jantar e sei ganhar o meu sustento em qualquer seara. Já tive três oportunidades de fazer fortuna e desprezei todas elas. A última foi um ajuste de casamento que larguei de véspera para não deixar a minha vida de passarinho. Porque se tem uma coisa que eu prezo no mundo, é a liberdade que tenho para ir e voltar e fazer tudo que me der vontade. Carrego muitas saudades no peito e sempre deixo saudades por onde passo, porque saudade é a marca registrada do meu caminho, e quem quiser me achar, é só seguir nas pegadas dela. Ninguém até hoje foi capaz de esquecer minha presença, e eu acho muito natural que todo mundo que me conhece viva com meu nome na boca. Não sou orgulhoso, mas também acho que humildade demais não faz bem ao caráter de um cidadão decente, como eu sei que sou. Vivo bem a minha vida; aliás, para não faltar com a verdade, vivo da melhor maneira que seria possível a um cristão. E também acho que o mundo é muito pequeno para conter o passeio de um viajante da minha marca. Dê por certo que eu conheço tudo quanto é costume e sotaque, e até em língua estrangeira eu sou capaz de exprimir pensamento. Em Jeremoabo, uma cigana estabeleceu que rabo-de-saia é minha perdição; mas eu respondi que era meu prazer e cachaça. Sou safado e gosto de putarias. Na minha viola, tiro muita cantiga de sem-vergonhice e nunca respeitei barba de cantador. Pode avisar na cidade que estou disposto a enfrentar dois tipos de gente: cantador de viola e jogador de damas. Já levei uma facada e dois tiros, mas também pé de ouvido de cabra safado conhece bem o peso de minha munheca.”

(Romance da Besta Fubana, p.54)

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Amanhã o Hoje Chega!

O sapateiro do Destino

Quando numa certa vez

Contou-me que seu freguês

Não batia bem do tino

Falou que era um menino

Fresquento e malamanhado

Com um Dom do encantado

E sintoma de invejoso

Que por ser um poderoso

Era muito do empolgado


E o barbeiro do Futuro

Disse que o antecipado

Embora mais recatado

E um tanto obscuro

Só aparenta ser duro

Mas é extremo feliz

Que em tudo é aprendiz

Pois anda num tempo à frente

Com o Destino da gente

Torcendo a ele o nariz

(Jessé Costa)

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O casamento do Céu!

Na catedral via láctea
Da paróquia sideral
Um casório sem igual
Agitava o universo
E eu aqui lhes conto em verso
O que já ouvi falar
Que lá no pé do altar
Tava os planetas tudinho
E plutão, pequenininho,
Fazia papel de pajem,
Já Marte com Boiolagem
Trajando fraque encarnado
Era o mais avacalhado
Gritando “Quem me aterra!?”
Ouviu: “A mãe de quem berra!”
De Saturno e seus anel
E assim casou-se o céu
Com nosso planeta terra!

(Jessé Costa)

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O Pierrot sem Ponteira

O tempo passa arrastado

Na falta do teu carinho

E eu andando sozinho

Sou pierrot dizimado

Vivendo um verbo passado

D’um dançador sem canção

Num porto de solidão

Pois pra quem queira ou não queira

Todo pião sem ponteira

Não faz poeira no chão


(Jessé Costa)

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Bem Pintado

Passarinho, meu amigo
Voe logo em prontidão
Atrás da minha paixão
Que se nega a meu abrigo.
E vejas bem o que digo:
Assim que a encontrar
Fales antes de cantar
Mas fale com muita sede
Qu’eu sou um pé de parede
Difícil de afofar

(Jessé Costa)

sábado, 13 de setembro de 2008

Timbaúba, Princesa Serrana!



Princesa derna de quando
Dentre essas serras nascestes
Aos pródigos que perdestes
Se acaso os vês regressando
Tu sois três morros brotando
Querendo lhes abraçar
Já esses canaviá
Te formam verdes paredes
E às rendas das tuas redes
Se rendeu o meu olhar!

Timbaúba, 13/09/2008.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

A Extraordinária Peleja Sertaneja

Já faz três dias que Zeca quebrou a cerca
E entocou-se pelas brenhas do sertão
Subiu no lombo do seu cavalo alazão
E decidiu entrar em guerra com a Seca
Deixou pra trás todo amor de Dona Têca
Para pelejar com essa tal mãe natureza
Pela caatinga se meteu com ligeireza
Bem prevenido com vestimenta de couro
Inda levou dois dentes e anel de ouro
Tudo que tinha nesta forma de riqueza

E não se sabe como deu-se essa batalha
Se teve briga ou se foi só conversação
Mas hoje a chuva na caatinga molha o chão
Com muito gosto e não como fogo de palha
E um viajante cuja fama se espalha
De inventar as mais fabulosas histórias
Disse que Zeca havia obtido a glória
Assim qu’a natureza deu uma recuada
Furando um bucho de nuvem na peixeirada,
Mas se afogou enquanto gritava “vitória”!

(Jessé Costa)

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Querida, Vamos Voar!

- Querida, vamos voar!
- Para onde meu amado?
- Pra depois do alto-mar,
Donde o vento é soprado!

- Ora, isso é impossível,
Nós não sabemos voar!
- Pois saiba: tudo é plausível
Pra quem conseguiu amar...

- Inda assim, por que pleiteias
Em tentarmos tal proeza?
- É pra que mesmo as sereias
Admirem tua beleza!

(Jessé Costa)

domingo, 7 de setembro de 2008

Independência, já é ou já era?

Eu vi, pois estava lá!
Dom Pedro tava mamado
Subiu na caixa de som
Com o litroso do lado
Disse: “Puta que pariu,
Independência ao Brasil”
E caiu desacordado.

ai chegaram uns quatro baba-ovo, colocaram ele no banco de trás de um carro de boi e levaram o “chefe” da RAVE...