quinta-feira, 29 de maio de 2008

Rosinha, espinho de Amor.

Gostava, eu, de rosinha
Lhe tinha em meu coração
A filha do coronel
Manoel Antonio Romão
Homem brabo, vingativo
Que pra mim era motivo
Pra esconder essa paixão


Mas um certo dia deu-se
Que eu vinha laborando
Bem perto da igrejinha
Tangendo gado e cantando
Quando lá no fim da pista
(chega esfreguei a vista!)
Vinha Rosinha chorando.


Daí, saltei da minha mula
Corri em sua direção
Parei bem na sua frente
E disse de supetão:
- Ora pois moça rosinha
Por que estás tão tristinha?
O que lhe causa aflição?


Rosinha tomou um susto
Com a minha insolência
Confesso, fui meio bruto
Hoje tenho consciência
Mas na hora tive não
Tamanha era a emoção
Em olhar sua sofrência


Depois de se recompor
Rosinha me disse em fim:
- Saiba o que me causa dor,
O que me deixou assim
É ter destino fadado
Num casamento arranjado
Que papai impôs a mim.


- É com grande desventura
Que vou ter que me casar
Com o velho Chapadura
Pra meu papai agradar
Pois aquele é seu amigo
Homem rico e conhecido
Que seu sócio quer virar.


Quando ela me disse isso
Senti meu peito rachar
De raiva soltei um grito
Que não deu pra segurar
E tomando sua mão
Desprovi-me de razão
E me pus a lhe falar:


- Rosinha dos sonhos meus
A muito estou carregando
Um coração que é seu
E em meu peito está pulsando
E se eu te perder pra outro
Sou capaz de ficar louco
Acabo me estuporando!


- Tu sois a formosa espécie
Que eu quero em meu jardim
E rezo que uma abelha
Te traga um dia por fim
Que eu a ti sou só amores
Juro, não quero outras flores
Se eu ti tiver pra mim!


Rosinha escutando isso
Dobrou a sua emoção
Desvencilhou-se de mim
Secou o rosto com a mão
Disse: - Olhe meu querido
Não lhe quero deprimido
Mas não lhe tenho paixão


- Enquanto vinha chorando
Sonhava com um encantado
Vestido de linho branco
Montado em seu cavalo
Que deste triste penar
Viria me resgatar,
Me levar pro seu reinado!


- Você embora simpático
Tem por roupa um gibão
Montava em uma mula
E não tem educação
Seu reinado é resumido
A um roçado surtido
E uns quatro bois tungão!


- Desculpe pelo que digo
Mas estou sendo sincera
E ao vir me cortejar
O que mais você espera?
Pois sou muito bem prendada
Na França fui educada
E nasci pra ser quimera!


Foram essas as palavras
Que mataram minha paixão
Ali me senti um lixo
Que num vale um tostão
E vi o amor que eu tinha
Se acabar, feito farinha
Nas mesas cá do sertão


Mas pra falar a verdade
Nas contas que eu pondero
Inda gosto de Rosinha
Estou sendo bem sincero
Mas se eu for contar as fichas
É uma paixãozinha micha,
Uma faísca de esmero


Desse fato ocorrido
É disso que inda lembro
Mas vindo me perguntar
De cara eu já emendo
Que daquele dia então
Amarguro a solidão
E o amor eu não entendo!

(Jessé Costa)

domingo, 25 de maio de 2008

Inventor de Amor

Sois a peça completante,
Que me causa alegria
A metade da laranja
A palavra que me inia
Sois X difícil de achar
Sois equação singular
Sois fulô que me inebria.


E eis aqui uma vantagem
De estudar a engenharia,
Pois se tu não existisses
Eu logo lhe inventaria!

(Jessé Costa)

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Nada Diga, Juro!

Nada

Nada mais que minha amada
Sois o meu conto de fada
O meu rumo na estrada
Uma polícia Federada
Que prendeu meu coração

Diga

Só queres ser minha amiga?
Saiba que isso me intriga!
Como finges que não liga?
Eu imploro que me diga
Se você me ama ou não!

Juro

Que meu sentimento é puro
Que a outra não procuro
Saia de cima do muro
Venha aqui que eu te juro
Dar-te amor e devoção!

(Jessé Costa)

Agradecimento

"Teu cordel é muito bom
Não tem ninguém que não gosta
Se alguém me contrariar
Vira motivo pra aposta
Tem ritmo e sintonia
Coesão muita harmonia
Obrigado Jessé Costa"


(Jorge Sales, www.jorgesales.com.br)


"Eita que me enche o peito
De emoção e alegria
Que um poeta de respeito
Me elogie, quem diria
Pois das letras tou distante
Já que sou um estudante
Da exata engenharia."


(Jessé Costa, arrepare.blogspot.com)

(Jessé Costa)

terça-feira, 20 de maio de 2008

Conficção de amor



Neste mundo eu fiz muitas besteiras
Tentando me esconder da realidade
Me fiz moleque e sem maturidade
Achando ser a forma derradeira
De suprimir do mastro a bandeira
Que hasteada balançava aos ventos
Tentei censurar os meus sentimentos
Calar os gritos do meu coração
Mas se hoje perguntarem digo: não,
Viver sem a amar eu não agüento!

Agora, eu faço isso em pensamento
Lembrando dos momentos que passamos
Das coisas que juntos nos ensinamos
Das coisas que nunca compreendemos.
Naquele dia em que nos conhecemos
Eu via ali brotar em minha frente
A mais bonita e a mais reluzente
Das flores que o criador já fez
E que roubou a minha sensatez
Deixando-me esse coração demente.

É pena que ela já não me veja
Que não me queira mais em sua história
Que tenha feito de mim a escória
Me dito que não sou o que almeja
Talvez até correta ela esteja
Em humilhar um ser tão condenável
Mas eu, mantendo a face imutável
Aceito que assim seja sua vontade
Sem garantir-lhe a reciprocidade
Tomado por um amor inelutável!

João Pessoa, 20/05/2008.

sábado, 17 de maio de 2008

João de Barro

João de Barro é um passarinho
Um dos mais interessantes
Encantando os caminhantes
Com a construção do seu ninho
Cheio de esmero e carinho
Levanta seu domicílio
Sempre seguido do auxilio
De sua esposa altaneira
Exclusiva Companheira
Única mãe de seus filhos.


(Jessé Costa)

quarta-feira, 14 de maio de 2008

A Morrência do dia

Debruçado na cancela
Vejo a mata verde oliva
E a paisagem me congela
Se tornando minha diva
Ouço um curió cantando
Tatupeba se enterrando
Tudo aquilo me altiva

É cheiro de manga rosa
Que embriaga meu olfato
Me vejo fazendo glosa
Enquanto deito no mato
Respirando aquele ar puro
De pés juntos eu procuro
Me livrar de meus sapatos.

Deitado, fico mirando
O acalentar das galinhas
O sol, agora, minguando
A tarde morre sozinha
E a lua sai feito bomba
Detrás dum pé de pitomba
Incendiando a noitinha.
(Jessé Costa)

domingo, 11 de maio de 2008

Felicidade, Madama Orgulhosa.

A felicidade é uma madama
Orgulhosa e metida à burguesa
E por ela todo homem clama
Pois reluz com tamanha clareza
Que espalhando seu brilho faceiro
Faz cair o mais feroz guerreiro
Quão calibre tem sua beleza


É sereia que canta suave
E enfeitiça pobres marinheiros
É a leveza do vôo da ave
Que embriaga o cancioneiro
É o segredo, sombrio e sagrado
Que até hoje não foi desvendado
Por nenhum grande aventureiro


Alquimistas procuram expressão
Que conduza a tamanha proeza
Já os sábios recorrem à razão
Também não encontrando certeza
E tomados pela desventura
Se recolhem a sua pequenura
Aflorando uma grave fraqueza


No obstante, o ignorante
Que nada grandioso almeja
Vai tocando sua vida adiante
Sorridente, tudo lhe graceja
É de fato feliz de verdade
Pois não caça a felicidade
Sendo assim ela que lhe corteja

(Jessé Costa)

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Doença de Engenheiro

É tanto momento de inércia
E tanta Integral fechada
Circuitos, força magnética
Centróide, haste acelerada
Que de sair calculando
O cabra acaba ficando
Com a cabeça avacalhada


Se tem torque na bobina
Também tem que calcular
Mede embaixo, mede encima
E começa a integrar
E achando o baricentro
Joga tudo ali dentro
Para vê no que é que dá


Com uma série alternada
Sobre um eixo principal
E um binário na parada
Não há quem não passe mal
Mas nem doente se escapa
Que a doença que o solapa
É o cálculo renal...

(Jessé Costa)

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Cantos e Contos

Em defesa do caráter
Do nordestino leal
A TV O NORTE parte
Com um projeto genial
Programa cantos e contos
Marcando infinitos pontos
Com a cultura regional


Nesse projeto porreta
Tem de um tudo misturado
Tal qual fica a paleta
De um pintor alucinado
Pintando com multicor
O que existe de valor
Nas brumas do nosso estado


Tem folclore? Tem senhor!
Tem folguedos do passado
Tem repente e cantador
De raciocínio afinado
E gente nova a mostrar
Que do seio popular
Sai talento amamentado

(Jessé Costa)