domingo, 26 de outubro de 2008

Réplica

(Complete o Verso)

Da beira do precipício
Senti o teu empurrão
Mas durante minha queda
Decidi bater a mão
E para total espanto
Surgiu ali meu encanto
Voei como um gavião!

Não foi como tu queria
Que tudo se sucedeu
E hoje lhe agradeço
A rasteira que me deu
Pois quando perto do chão
Voei como um gavião
E foi tu quem se...!

(Jessé Costa)

sábado, 25 de outubro de 2008

Jeito, Força e Potência

Beleza pura, da fina
Formato de luxo só
Sonata tocada em dó
Tibúm no vão, mar-menina
Caju numa silibrina
Daquelas bem aguardente
Que quando descem na gente
Se avermelha o olhar
E põe o cabra a pensar
De uma forma indecente

Um pensamento matreiro
Por trás d’um pé de Juá
Só vendo o céu desabar
A léguas desse terreiro
Pro anoitado certeiro
E minha malevolência
Findar sua resistência
Em um painel cabuloso
Pintado de gozo em gozo
Com jeito, força e potência

(Jessé Costa)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Tempos de Crise

Cabedalmente falando
Não era muito vistoso
Inda por cima tinhoso
Nada do qu’ela queria
Mas quando num certo dia
Uma bolada levou
E de real enricou
Ficou bonito, o gatuno
O sonho do seu consumo
E ela assim se casou

Mas já passado algum tempo
Quando madama virou
O novo rico quebrou
E ficou pobre outra vez
E agora vejam vocês
Como se deu o final:
Visando não se dar mal
E ter que pedir esmola
Arrumou um love em DOLLAR
Trocando o amor REAL

(Jessé Costa)

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Hoje

(amanhã nunca se sabe)

Hoje minha fé cansada
Desistiu de acreditar
Que no fim daquela estrada
Alguém há de me esperar
Minha vista esmorecida
Só enxerga a partida
E quatro palmos de chão
Onde os meus pés descalços
Vão servindo como calços
Pr’um rastro de solidão

(Jessé Costa)

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Valimento

Vontade de dar um beijo
Vontade de te abraçar
E em teu ouvido falar
Uma tuia de gracejo
Pois, ou mato meu desejo
Ou ele vai me matar!
E se assim me definhar
Bem perto do paraíso
Nas covas do teu sorriso
Eu quero me enterrar

Taliquá um João de Barro
Que fecha a porta do ninho
Eu fico sem teu carinho
E meus sentimentos varro
Numa gafe sem pigarro
Compondo sem declamar
E se a morte me chegar
E me levar sem aviso
Nas covas do teu sorriso
Eu quero me enterrar

Já nas paragens da vida
Pelos caminhos do mundo
Falou-me um oriundo
De uma terra perdida
Que a natureza convida
A quem sabe lhe falar
Pra um grande amor plantar
E certo que enraízo
Nas covas do teu sorriso
Eu quero me enterrar!

(Jessé Costa)

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Oitavas de Intenções

Sopapo de belezura
Um carnegão de lindura
Tutano da formosura
Enxame de perfeição
Doidiça da natureza
Retrato da Majesteza
Do meu Deus outra proeza
Pipoco de encantação!

Compasso do dançarino
Paixões de um eu menino
Um luminar celestino
Que desce na contramão
Um paquerar perigoso
Um agarrado gostoso
Suspiro que beira um gozo
O bom da fornicação!

O cupim da falsidade
Mestra em amorosidade
Doutora em felicidade
PHD em paixão
Naquele jardim florido
Sois um riacho corrido
Que dá o tom colorido
Do mundo na minha mão!

(Jessé Costa)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Onça Castanha










No alto do mundo eu via
Além do astro solar
Algo mais a irradiar
A luz que dá cor ao dia.
Daquele cume emergia
Uma beleza que assanha
De uma onça castanha
Vestindo pele de fêmea
E que se mostrava gêmea
D’um fulgor cheio de manha.

Mas com um olhar perdido
No infinito profundo
Tratava igual todo mundo
Congestionando o cupido;
Que num ato desmedido
Tomou sua decisão:
Justo aquele coração
Caberia ao improviso
Que da musa um sorriso
Gerasse por gratidão

E enquanto eu a olhava
No topo do universo
E escrevia este verso
Notei qu’ela me sorria
Com uma tal alegria
Que o momento parou
E o tempo desandou
Caindo fora da linha
Pois ela seria minha
Assim como dela eu sou!

João Pessoa, 01/10/2008.