sábado, 30 de outubro de 2010

Pequena Borboleta Rosa - Musicada

Essa postagem trata de mais uma poesia musicada pela Bruna Alves. O nome da referida poesia é Pequena Borboleta Rosa e a mesma foi feita a bastante tempo atrás para uma outra grande amiga (Joyce), que na época estava para ir embora.


Espero que vocês apreciem.



Pequena Borboleta Rosa

Clique aqui para ouvir a música

Meu jardim ficou mais feio
Estremeceu sua perfeição
Pois ali ficaram as flores
Mas se foi a sua feição
Foi embora a borboleta
Batendo asas contenta
Voou pra imensidão


Foi se atrás de outras flores
Levou consigo seu riso
A gargalhada engasgada
A lentidão do seu tino
Deixou pra trás a saudade
De sua besticidade
Do seu jeito meigo fino


voa voa borboleta!
voa voa com pureza!
voa voa atrás de um sonho!
pois voar ti trás beleza!


João Pessoa, 03/05/2008.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Mote bom da mulesta

Lá vou eu sapecando aqui debaixo algumas glosas minhas traçadas por cima do mote que me foi passado pelo Poeta Luciano Pedrosa, um cabôco malassombrado lá das bandas de Ouricuri-PE e que é altamente sabedor e fazedor de versos matuto-sertanejo-nordestinenses da melhor leva.

Mote:
“Poeta, cante o que sinto,
Que sinto e não sei cantar!”



É tanta coisa que tenho
Guardado dentro de mim
Que parece não ter fim
O anseio que contenho
E é por isso que venho
Para lhe solicitar
Que expresse meu penar
No seu cantar tão distinto
Poeta, cante o que sinto,
Que sinto e não sei cantar!

Uma criança pedindo
Mendigando algum tostão
Meu Deus, mas que contramão
O presente está seguindo
É filho o pai agredindo
É padre a pedofilar
E eu sem saber glosar
Vendo o futuro extinto
Poeta, cante o que sinto,
Que sinto e não sei cantar!

Tamanha disparidade
A humanidade expande
E nada que lhe abrande
Não é feito de verdade
E nessa desigualdade
Poucos comem caviar
E tantos sem nem jantar
Me deixam de fé faminto
Poeta, cante o que sinto,
Que sinto e não sei cantar!

Olho pra lua um momento
E me vem um algo bom
Porém não alcanço o tom
Do som desse sentimento
Espicho meu pensamento
Do neurônio esquentar
E sem saber me expressar
Clamo neste labirinto
Poeta, cante o que sinto,
Que sinto e não sei cantar!

Toda tarde eu esperando
Num banco na rua dela
Só pra ver a tal donzela
Tão lindamente passando
E eu fico só pensando
- S’eu soubesse recitar
Me danava a declamar
Carlos Pena, Louro e Pinto
Poeta, cante o que sinto,
Que sinto e não sei cantar!

Poeta cante a canção
Porém cante com cuidado
Deixando bem divisado
Que foi do meu coração
Que saiu tanta expressão
Para a moça elogiar
Pois vai qu’ela dê pr’amar
A outro Mané Jacinto
Poeta, cante o que sinto,
Que sinto e não sei cantar!

João Pessoa, 26/10/2010.

Contramão do desejo



Na contramão do desejo
Eu trafego inconseqüente
Pois querendo fortemente
Eu finjo que nem almejo
Vejo e finjo que não vejo
Me viro pra não falar
E me perco por gostar
Sem saber transparecer
Meu amor, amo você
mas não sei me declarar!

João Pessoa, 26/10/2010.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Entrou comercial nas nossas vidas



Entrou comercial nas nossas vidas
Chegou a vez dos patrocinadores
Já deu de tanto dar em desamores
As mesmas cenas já tão repetidas
É hora de vender novas saídas
É hora da publicidade entrar
E um sorriso propagandear
A entreter àqueles que assistem
E que constantemente tanto insistem
Que um dia voltaremos a amar!

João Pessoa, 25/10/2010.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Eu vou diluir minhas mágoas no mar



Um mundo de água estende-se a fronte
E lá ao distante no céu se mistura
O mar é tão grande que tem curvatura
Formando um arco com o horizonte
É água demais pra ser só d’uma fonte
É água demais pr’uma seca secar
É água demais pr’uma chuva sangrar
É água demais pra pescar de tarrafa
É água demais que d'olhar dá estafa
É água demais que tem dentro do mar!

Um mundo de coisas cabe no meu peito
O meu coração é extenso demais
Porém anda chocho, andando pra trás
Porém anda penso, mofino e sem jeito
É mágoa demais pra um pobre sujeito
É mágoa demais pra quem só sabe amar
É mágoa demais, que nem dá pra agüentar
É mágoa demais para se engolir
Por isso na praia eu vou diluir
Eu vou diluir minhas mágoas no mar!

João Pessoa, 21/10/2010.

domingo, 17 de outubro de 2010

Entendesse?



- Ei! Deixa eu te contar um segredo?

- Segredo? Conta! Adoro segredos!

- Tá. É o seguinte: eu sou poeta.

- Poeta? Tu é poeta? Deixa de resenha!

- Sou sim moça, eu não tou dizendo.

- Então me recita uma poesia, que ai eu acredito.

- Tá certo. Posso fazer uma agora mesmo pra você, pode ser?

- Pode sim.

- Então tá, presta atenção:


Moça, tem jeito melhor

Tem um jeito mais sincero

Mais delicado, sutil,

Mais flamejado de esmero

Do que numa poesia

Eu dizer que não te quero?


- Eihn? Como assim? Isso é sério?

- Sim. Tá vendo como eu sou poeta?

- É... Tou.

A peleja de Júpiter e Saturno

E o zabumbeiro que morava numa estrela



Conheci um zabumbeiro
Que morava numa estrela
E que decidiu fazê-la
De terreiro forrozeiro
E lá o time primeiro
Do alto escalão do céu
Se juntou todo a granel
Pra dançar um bom forró
Beber, jogar dominó
E pra recitar cordel

Só tinha o alto comando
Do céu do nosso universo
Lá tava Plutão, disperso,
Com Vênus forrozeando;
Saturno tenso apostando,
No baralho, outro anel;
Urano cheio de mel
Cochilando num batente
E Júpiter prepotente
Cercado de xeleléu!

Uma farra de primeira
Num forró bom da mulesta
Dos que o salão empesta
De parelha dançadeira
Foi quando a bagaceira
Pela festa se expandiu
Que chega dá calafrio
De falar do ocorrido
Tamanho foi o muído
Que nesse instante se viu.

Júpiter por ser gigante
Se chegando no salão
Encostou-se em Plutão
E com seu jeito intratante
Tomou o seu par dançante
Chutando-lhe de coturno
E plutão todo soturno
Chorando um choro de orvalho
Foi na mesa do baralho
Chamar seu irmão Saturno!

E Saturno, valentão,
Inda perdendo no jogo
Levantou cuspindo fogo
Cheio das dores do irmão
E entrando no salão
De cara feia e bufando
Foi Júpiter empurrando
E o empurrado, valente,
Foi logo trincando os dentes
Com os seus punhos cerrando!

Tava feita à confusão,
Nesse balde de bravura
Júpiter foi na cintura
Desembainhando o facão.
Saturno de supetão
Mandou Plutão ir pro lado
E um anel amolado
Retirou do seu entorno
Dizendo: Seu grande corno
Hoje teu chifre é serrado!

Após ouvir este dito
Júpiter correu pra luta
Que do meio da disputa
Voava meteorito
E com o tamanho atrito
Desses dois corpos celestes
A lógica que reveste
As forças d’universo
Teve seu prumo transverso
De um leste pr’um oeste!

E pra dar melhor grandeza
Da amplitude da briga
Basta apenas qu’eu lhes diga
Que naquela afoiteza
Júpiter já sem defesa
Errou um soco e então
Saturno deu-lhe um doidão
Com tanta raiva em contexto
Que fez um ano bissexto
Fora de ocasião!

Quando a briga se acabou
Tava o mundo revirado
E o Zabumbeiro, coitado,
Computava o que restou
E o que ele encontrou
Foram restos de planetas
Um punhado de cometas
E Urano chêi de mel
Sem saber voltar pro céu
Caindo pelas banquetas!

Desse dia em diante
Os planetas intrigados
Se encontram separados
Num orbitar dissonante
E o zabumbeiro, emigrante,
Fez a mala, deu um nó
Deixou sua estrela só
Ao cantar dum pé-de-serra
E desceu aqui pra terra
Pra espalhar seu forró!

Timbaúba,16/10/2010

sábado, 16 de outubro de 2010

Bruna Alves: uma parelha do estopô!


Cabeça, tronco e membros: fora isso mais o quê?
A alma...!

Sem alma o ser humano não passaria de um macaco mais esperto e totalmente ereto.
Agora o que vem a ser a nossa alma?

De acordo com o dicionário Rideel a palavra alma quer dizer:

AL.MA

s.f. 1 Essência imaterial do ser humano. 2 Espírito. 3 Conjunto das faculdades morais e intelectuais do homem; pessoa. 4 Índole; vida; animação; coragem; entusiasmo; colorido. [...]

***

Essência imaterial do ser humano? Índole; vida; animação; coragem; entusiasmo; colorido?
Gostei disso.

Cabe direitinho onde eu quero colocar!

Pois o que eu quero dizer é que essa paulistana Bruna Alves tem no gogó um efluente de alma.

Sim...
A meu ver, ouvir, sentir e entender; quando ela canta, canta alma.

Pois ao pegar palavras inanimadas, palavras apenas faladas, com um quase nada de sentido; e fazer delas uma canção que transborda em sentimentos e emoção; a Bruna acaba por aflorar nas palavras essa tal essência imaterial que há na gente. É como se, no seu cantar, aquelas reles palavras adquirissem índole, vida, animação, coragem, entusiasmo e cor.

Desse jeito essa sereia de terra firme encanta enquanto canta. Fazendo palavras, frases e orações antes meramente escritas se tornarem canções cheias de alma, esse diferencial que nos mantém distante dos macacos.

E é por essas e outras que no meu ver, sentir e entender a Bruna Alves canta alma.

Agora veja e ouça do que eu estou falando você também.

Talvez sinta e entenda...
Talvez não...


Bruna Alves: uma voz do estopô do fim do mundo


Adormecido

Clique aqui para ouvir o esboço da música na voz da Bruna


O que eu sei é que de noite, quando eu vou dormir

Num lindo sonho tu vens a rir


Me dizendo baixinho

Me arrepiando todinho

- Ai, que bom de novo te sentir...


E eu não sei se ainda posso ser querido, querida

Se um novo amor tão garrido e sem medida

No coração pode existir...


E no meu peito, pobre peito iludido

Inda repousa depois de muito sofrido

Aquele amor que eu cultivei pra ti...


Que um amor de verdade não esquece

Ele adormece...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Fim do mundo num trovão



Eu quero qu’esse mundo se acabe
Pra ver como seria a vida noutro
Se lá um ser pisaria no outro
Ou se seria só o que lhe cabe
Eu quero que o céu hoje desabe
E que nosso planeta se consuma
Eu quero que a riqueza vire bruma
E que na nossa vida noutro mundo
Não exista primeiro nem segundo
E assim qualquer desigualdade suma!

Eu quero todo mundo nivelado
Sujando os pés por sobre o mesmo chão
Num mundo onde alguém estenda à mão
Sem ter um interesse mascarado
Eu quero um mundo zerinho, zerado,
Sem cerca delimitando fronteira
Eu quero que a divina empreiteira
Derrube esse modelo infecundo
E que levante, então, um novo mundo
Que ostente a igualdade por bandeira!

Cansei de ser tal qual um caranguejo
Com outros caranguejos numa lata
Que quando está saindo tem a pata
Puxada pra o fundo do cortejo,
Cansei da predação que hoje vejo
Tomar a humanidade mundo a fora
Cansei do mundo que não quer melhora
E que caminha pra destruição
Por isso peço a Deus que um trovão
Pr'um mundo menos ruim me leve embora!

João Pessoa, 12/10/2010.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Ode ao Chinelo de Couro



Eu não gosto de sapato
Pois sendo um bom nordestino
Não encontro no meu tino
Um só motivo sensato
Pra usar este artefato
Que tanto meus pés maltrata.
Eu sou mais minha alpercata
Com duas tiras de couro
Tiradas do melhor touro
Da minha zona da mata!

Eu não sou um burocrata
Para ter que usar sapato
E já sendo mais exato
Não vejo coisa mais chata
Nem ação mais inexata
Do que no calor da peste
Do mormaço do nordeste
Um caboclo se vestir
Com sapatos pra sair;
Isso é coisa pro sudeste...

Donde eu vim, homem se veste
Nos moldes de lampião
Onde o pé que toca o chão
De “percatas” de reveste.
Meu apreço é inconteste
Pr’essa veste que figura
Nos pés da nossa cultura
No andar do nosso povo
Por isso digo de novo
Sapato não me fulgura!

E que digam ser loucura
Essa minha posição
Qu’eu digo de supetão
- Desculpe a minha postura
De não seguir ditadura
Dos costumes de outrem
Mas ainda vou além
E meu chinelo de couro
Nem num sapato de ouro
Eu não troco com ninguém!

E você por que não vem
Descalço de obrigação
Pra sentir a sensação
Que da “percata” advém?
Dispa os seus pés também
Dê-lhes um respiradouro
E descubra esse tesouro
Da cultura nordestina
Que pro mundo se empina
Sobre um chinelo de couro!

João Pessoa, 11/10/2010.

domingo, 10 de outubro de 2010

Fábrica de Bonecos

Mundinho merda



Esse mundo está mais pra lá que pra cá
O futuro, sem voz, já perdeu o seu eco
O dinheiro aliena só pra manobrar
Transformando os jovens em reles bonecos!

Hoje em dia bonito é um paredão
Que não é nada mais do que caixas de som
Onde tocam canções do mais baixo escalão
Que o dinheiro empurrou como sendo o bom...

E a riquinha que teve acesso ao melhor
Bebe a pinga que um Zé Qualquer lhe ofereça
E obedece ao que diz o refrão de um forró
Tá rodando seu copo por sobre a cabeça...

E o riquinho que tem seu papai costa-quente
Saliente, coloca seu som nas alturas
E assim já se vão os ouvidos da gente
E assim vai morrendo a nossa cultura...

Hoje em dia o bonito é ser um ser bosta
Que se amostra pra ser o melhor da galera
E se a juventude é disso que gosta
Eu nem quero pensar no amanhã que me espera!

Pois tamanha é minha indignação
Ao notar as topadas que o mundo dá
Qu’eu queria falar com tal do Platão
Pra voltar pra caverna e não sair de lá!

João Pessoa, 10/10/2010.

sábado, 9 de outubro de 2010

Contanto



Se o sol faz a manhã
Para teu dia aquecer,
Se a flor do flamboyant
Imita teu proceder
E até Seu Lunga ri
Feliz da vida ao te ver;
Quem é este pobre aqui
Pra sonhar em ter você?

Pois eu posso não ser muito;
Porém, muito, posso ser!
Eu posso ser mais que o sol,
S’é pra teu corpo aquecer;
Posso ser mil flamboyant’s,
Se quiseres florescer;
E posso ser tudo quanto,
Contanto que com você!

João Pessoa, 04/10/2010.

Dom Pixote dos Mocós



De tanto ver na TV
Lindas histórias de amor
Onde depois de sofrer
A atriz e o ator
Terminavam se acertando
Um ao outro perdoando
E tendo um final feliz
Dom Pixote dos Mocós
Deixou a rotina atroz
E saiu pelo país...

Entrando no seu fusquinha
Cheio de fé e de fome
Foi atrás da sua história
Do romance com seu nome
Tendo fome de aventura
Buscava naquela altura
Em sua vida sem cor
Sair da mesma mesmice
E viver uma doidice
Dum grande caso de amor!

Sendo assim partiu sem rumo
Indo pro lado do norte
Não olhando para trás
Foi correr atrás da sorte
Numa jornada marcada
Por não ter fim a estrada
Que pra frente se inclina
E por ela Dom Pixote
Seguiu sem ter holofote
Com a fé de gasolina!

Ele foi rodar o mundo
Onde um dia há de ver
Que na vida de verdade
Os romances da TV
Não tem um fim ideal
Mas que seu final real
Tem, de bom, o mesmo alcance.
Alcance que Dom Pixote
Há de usar como mote
Para viver seu romance!

Dom Pixote dos Mocós
Pode até parecer louco
Por virar a sua vida
Por quase nada, tão pouco;
Porém ele teve um sonho,
Mesmo que meio bisonho
Como um filme na TV,
E depois teve a coragem
De quebrar a engrenagem
Pra fazê-lo acontecer!

João Pessoa, 09/10/2010.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Oitavas de namoro



Pequena, contigo em cena
Um “algo bom” me acena
E eu fico tal Hiena,
O mais risonho animal;
Enquanto que sem você
Eu vivo não sei pra quê
E só consigo viver
Na base do sonrisal!

Pois viver tem sido assim:
Com você perto de mim
Meu sorriso não tem fim,
Tudo é felicidade;
Porém quando tu se vai
O meu brilho se esvai
E eu viro um samurai
Sem espada de verdade!

Por isso, moça Pequena,
Me liberte dessa pena;
Seja o ar que oxigena
O sufoco do que digo;
Seja, do meu quadro, o giz;
Seja minha imperatriz;
Me diga o que você diz:
Tu quer namorar comigo?!

João Pessoa, 06/10/2010.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O Bêbado e a Catrevagem



Nunca jogue seu sorriso
No meio da multidão
Muito menos pisque um olho
Sem apontar direção
Pois uma coisa é verdade
Diz a probabilidade
Que com desvio-padrão
A chance tá na metade
De chegar numa beldade
Ou numa mulher dragão!

Também não deixe que o álcool
tire sua sanidade
Pois a merda que se faz
Fica pra posteridade
E não vai adiantar
No outro dia falar
Que não lembra nem metade
Muito menos inventar
Que fez pra exercitar
O bem e a caridade!

Digo isso por Cornélio
Um cabôco abestalhado
Que se espalhou num show
Sorrindo pra todo lado
Até quando de repente
Parou bem na sua frente
Um chupa-cabra chupado
Com um olho pro poente
Outro olho pro nascente
E um riso desdentado!

E o dito alucinado
Atracou-se nesse cão
No meio de todo mundo
Tome beijo e pegação
Era aquela extravagância
Que olhando dava ânsia
Alergia e comichão
E nisso só por vingança
Um bebum dizia: avança,
Desce mais a tua mão!

Pois depois dessa ação
Desse ato inconseqüente
Sem falar do seu sumiço
Com a princesa sem dente
Desculpe se é preconceito
Mas Cornélio foi eleito
Como o bebo mais valente
E eu digo sem despeito
Eu acho mesmo é bem feito
Por beber mais que a gente!

João Pessoa, 05/10/2010.

domingo, 3 de outubro de 2010

Poesia por si só...

Hoje cedo alguém falou de vovó à mesa e uma imagem imediatamente me veio à mente, fazendo com que eu me desmanchasse por dentro.
Claro que ninguém notou qualquer alteração em minha face; afinal, minha emoção, desde sempre, mostra-se tão sutilmente quanto aquela estrela que vive perto da lua. De forma que já me habituei ao fato de ninguém nunca notar quando estou triste, chateado ou mesmo bem humorado.

Porém não é este assunto que está em pauta. O fato é que falaram de vovó à mesa e uma imagem me veio à cabeça; descendo, desta, até o cristalino dos meus olhos.

Trata-se de uma imagem que está imortalizada de forma fotográfica. A fotografia de um momento tão mágico que chega a ser inadjetivável. Um momento daqueles que quando passa em branco a vida perde parte de sua cor. Um momento fotografado em uma fotografia que fala por si só e que falou baixinho no meu ouvido assim que alguém citou vovó hoje cedo à mesa.

Eu morro de saudades de vovó... E a sua imagem, naquele momento, ainda permanece engastada na menina dos meus olhos.

No entanto, como sou incapaz de poematizá-lo (o momento) em sua total magnitude de sentimentos, vou continuar lembrando-me dele apenas com uma imagem numa fotografia. Uma fotografia que é poesia por si só!




Timbaúba, 03/10/2010.

sábado, 2 de outubro de 2010

Cafuné



O teu carinho é assim
De mexer tanto comigo
Que, com meus olhos, mendigo:
Faz o teu carinho em mim
Qu’eu fico feito um pudim
Mole, macio e meloso;
E se algo é mais gostoso
Do que um doce de leite
Só pode ser o deleite
Do teu cafuné dengoso...

Pois teu afago é tão bom
Que me arrepia o pêlo
Quando pelo meu cabelo
Os teus dedos de pompom
Tocam solando sem som
As notas do meu cangote
E eu sendo assim pixote
Na arte do seu carinho
Já me desmancho todinho
Tal e qual faz um filhote...

Um filhotinho sem raça
Que quando ganha um afago
Fica balançando o rabo
Com o coração de graça
Que nem máscara disfarça
Minha cara de pudim;
E se isso for ruim
Eu, todavia, nem ligo
E, com meus olhos, mendigo:
Faz mais cafuné em mim!


Timbaúba, 02/10/2010.