
terça-feira, 31 de maio de 2011
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Samboque do sonho

Quando o igual do dia-a-dia estiver te levando pra um situação tão banal quanto ver gente morta no jornal do meio-dia; quando a mesmice do “tudo igual” mostrar-se sanada e restabelecida e a pereba do sonho já não te proporcionar aquela coceirinha boa; quando todo o esforço do mundo parecer pouco e o futuro aparecer sorrindo da sua incapacidade de alterá-lo; quando o “é agora!” tiver seu lugar tomado pelo “e agora?”; quando qualquer tanto servir de encanto, mas o pranto cair por todo canto; enfim, quando o mundo alcançar o objetivo de podar a sua força:
Da pereba do seu sonho
Na unha tire o samboque
Não deixe o sonho curar-se
O mantenha sempre em choque
Que o sonho é todo o estoque
Da coceira que incomoda
Essa vida que acomoda
Por isso não se enfade
E coce bem à vontade
Que sonhar é mesmo foda!
João Pessoa, 26/05/2011.
sábado, 21 de maio de 2011
Arrazoando sobre o que se vê por aí

Pouco importa o que aparenta
E o vestir menos ainda,
Porque isso é transitório
Com o tempo cai e finda
E a essência, infinita,
Mostra que pra ser bonita
Basta ter a alma linda!
João Pessoa, 21/05/2011.
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Se não ligar eu nem ligo

Ele mente ao lhe dizer
“Amanhã cedo eu te ligo”
Ela mente ao responder
“Se não ligar eu nem ligo”
E passada essa peitica
Cada juízo pinica
Sem saber quem mais errou
Pois ele não lembra o nome
E ela ainda se consome
Porque ele não ligou!
Timbaúba, 04/04/2011.
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Quem me dera...
Mais um tanto de doidiça pra quem interessar possa:

Quem me dera, quem me dera
Eu não fosse em seu pensar
Esse monstro besta-fera
Que só quer lhe massacrar;
Quem me dera ela me visse
Sem ser como o povo disse
Mas do jeito que hoje sou;
Quem me dera, do que sinto,
Qu’ela enxergasse um quinto
Do querer que me encantou!
Quem me dera, quem me dera
Ela visse no meu peito
Não a sombria tapera
Mas um palácio perfeito;
Quem me dera, de repente,
Apagar completamente
Sua errônea impressão
E chumbar na sua mente
Qu’eu só quero apenasmente
Lhe doar meu coração!
Quem me dera, quem me dera
Ela vir me retirar
Dessa fila de espera
Dos que querem seu amar,
Estendendo sua mão
Resgatando esse cristão
Das profundas do querer
E aí, também pudera,
Quem me dera, quem me dera
Ser nós dois até morrer!
João Pessoa, 24/03/2011.

Quem me dera, quem me dera
Eu não fosse em seu pensar
Esse monstro besta-fera
Que só quer lhe massacrar;
Quem me dera ela me visse
Sem ser como o povo disse
Mas do jeito que hoje sou;
Quem me dera, do que sinto,
Qu’ela enxergasse um quinto
Do querer que me encantou!
Quem me dera, quem me dera
Ela visse no meu peito
Não a sombria tapera
Mas um palácio perfeito;
Quem me dera, de repente,
Apagar completamente
Sua errônea impressão
E chumbar na sua mente
Qu’eu só quero apenasmente
Lhe doar meu coração!
Quem me dera, quem me dera
Ela vir me retirar
Dessa fila de espera
Dos que querem seu amar,
Estendendo sua mão
Resgatando esse cristão
Das profundas do querer
E aí, também pudera,
Quem me dera, quem me dera
Ser nós dois até morrer!
João Pessoa, 24/03/2011.
terça-feira, 10 de maio de 2011
Ave Moça

Ave Moça que pousou,
de que céu tu sois vivente;
que inventor te sonhou
e te fez tão reluzente;
e por que que te mandou
pra pousar na minha frente?
Ave Moça que chegou,
tão logo já me povoas,
mas bem sei que tu pousastes;
porém, dentro em breve, voas;
pois beleza como a tua
não se retêm as pessoas!
Sendo assim, quando tu fores
não guardarei arrelia
Ave Moça, serei grato
por ter vivido esse dia
e terei você pra sempre,
pois te farei poesia!
Timbaúba, 18/09/2010.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Taliquá tanajura

Eu admiro um sorriso,
Sem conseguir se conter,
Antever que vem o amor;
Assim como, bem dizer,
Faz, voando, a tanajura
Prevendo que vai chover!
Quando a chuva vem chegando
A Tanajura no chão
Abandona o formigueiro
E voa pr'a imensidão
Desenhando no seu vôo
Que é de chuva a estação!
Assim mesmo é o sorriso,
Mas não o riso vulgar.
Falo daquele sorriso
Que não dá pra controlar
E sai voando da alma
Quando o amor tá pra chegar!
João Pessoa, 05/05/2001.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Um tiquinho de balela e 10 centavos de versos
Começo a ter medo dessa doidiça poética chamada inspiração. Ela as vezes atrapalha mais do que ajuda. O problema é que a poesia nasce do que o Poeta sente e o que ele sente não é necessariamente o que ele vive. Muitas vezes o que Poeta sente é simplesmente o que este gostaria de viver. E como bem colocou o grande Poeta Fernando Pessoa:
Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.
Fernando Pessoa, 18-9-1933
Pois é. No fim das contas; amando ou não, desiludido ou não, chorando ou não, sorrindo ou não; acaba falando mais alto essa doidiça poética: essa tal inspiração. E a minha poesia é um menino sem mãe correndo em cima do muro que separa a loucura da razão.

Eu quero a luz de um dia de sol, estando sozinho
Que o sol azeite a passagem do dia, quando eu não te ver ...
E se chover, que o cheiro da chuva entre de mansinho
Com a saudade que o cheiro de chuva me trás de você!
Melhor seria você do meu lado o tempo todinho,
Mas eu não quero você do meu lado sem ser teu querer!
João Pessoa, 02/05/2011.
domingo, 1 de maio de 2011
Tome, pode levar.

Agarre direito, que o prêmio é frágil
Não ponha no bolso, na bolsa ou na mala
Não deixe no carro, no quarto ou na sala
Não perca de vista que atrai mau presságio
Não mostre a ninguém, não arrisque um contágio
Que a perda é grande se o dito estragar
Por isso procure ao menos tentar
Enfim, por favor, me estenda à mão
Tás vendo isso aqui? É o meu coração
Que agora é teu. Tome, pode levar!
João Pessoa, 01/05/2011.
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