segunda-feira, 19 de julho de 2010

Desarrendamento

http://arrepare.blogspot.com/2008/12/arrendamento.html



O vento que te assanha
já não me acaricia;
do contrário, aumenta a sanha
de não te ver mais um dia
e, num tufão, é adaga;
que rasga as velas, naufraga
e afunda meu bem-estar
lembrando-me teu sorriso,
por isso o quê mais preciso
é que pare de ventar...

Onde estava meu bom senso
ao te arrendar meu peito
acreditando no intenso:
“Vou cuidar dele direito...”
Hoje eu vejo, foi besteira
abrir de cara a porteira
e permitir que você
cultivasse lá a terra
que hoje só mato encerra
vendo tudo esmorecer!

Porém o meu peito é forte,
massudo e ruim de morrer;
é terra preta do norte,
o mais puro massapé,
e passado esse tormento
não mais faço arrendamento
pra ninguém lhe cultivar,
temendo a monocultura
que mata o solo, em que apura,
depois da safra acabar...

João Pessoa, 19/07/2010.

Um comentário:

Anônimo disse...

Realmente a sensação de perda é muito ruim, mas pelo menos a tristeza te inspira a escrever poemas tão bonitos.
Pois é, Infelizmente sempre tem um lado que vai sofrer mais.
A unica coisa que nós conforta é saber que um dia essa dor passa.