terça-feira, 21 de setembro de 2010

Ao Doutor descobridor de mazelas



Ah doutor, agora essa
De retificar lordose,
Que o prumo do meu corpo
Tem a tal escoliose
E que com vinte e dois anos
Meus ossos já têm artrose?

Sinceramente, Doutor,
Já não basta a espondilite?
Não basta viver com dor
-Dor sem hora e sem limite?
Não basta ser portador
De algo que incapacite?

É complicado, Doutor,
Eu inda sendo tão moço
Saber que meu amanhã
É cativo de um fosso
Se na vida faço tudo
Pra ser um grande colosso!

Já é difícil sorrir
Mesmo tendo-se saúde
Imagine pra quem tem
No auge da juventude
O seu corpo condenado
A essa decrepitude...

Aí quando eu lhe vejo
Descubro outra mazela,
O senhor vê que meu corpo
Sofre de outra querela
E eu saio da consulta
Vendo a vida menos bela!

Eu sei que o senhor não tem
Culpa no meu padecer
E lhe peço: Ah Doutor,
Tente me compreender
Caso no seu consultório
Eu brade "vá se fuder"!
.
Pois que "se foda" a artrose;
Que "se foda" a espondilite,
Os bicos de papagaio,
Alergias e rinite;
Que enquanto eu souber rir
Não há dor que me limite!

João Pessoa, 21/09/2010.

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