domingo, 15 de agosto de 2010

Desabafamento



Ando chocho, estressado;
Por qualquer coisa bufando
E olhe qu’eu já mal ando,
Andar “me deixa” emburrado;
De noite em casa, cansado,
Depois d’um dia exaustante
Tomo um frasco de calmante
Deito ao luar noturno
Fecho os olhos e não durmo
Em mais um dia brochante...

Será o som das buzinas
Com seus berros irritantes?
Será o gás causticante
Que, dos escapes, germina?
Será qu’é essa rotina
Daqui da cidade grande
Que faz com que a gente ande
Sem tempo pra olhar de lado?
Não sei, pois tá tudo errado
E o erro só se expande!

"Tô" precisando de paz,
De isolar-me do mundo;
Cansei de ser moribundo,
Capacho de um capataz...
Eu não quero olhar pra trás
Daqui a cinqüenta anos
E contemplar desenganos!
Quer’um futuro graúdo
E pra tentar mudar tudo
Eu vou refazer meus planos!

A partir de amanhã
Não durmo mais de lençol,
Pra que logo cedo o sol
Mostre-me que é manhã;
Desisto de ser galã;
Compro uma bicicleta;
Do emprego pego a reta;
Vendo meu apartamento
E deixo pra testamento
Só o que fiz de poeta!

João Pessoa, 15/08/2010.

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