domingo, 21 de novembro de 2010

O matuto e Dadá



O matuto, mas matuto daqueles matutos mesmo, tá parado no meio do salão mais agoniado do que cachorro quando quer obrar... Querendo se declarar entorna três quartinhos de cana de cabeça e se atrepa no primeiro toco que acha no meio do salão. Alevanta os braços, se balança no centróide corpóreo e, dando duas tapas no peito pra chamar a atenção do povo, se desemboca a bradar:

- Quando é chegado o tempo
A gente acorda a contento
Como que o coração
Tivesse o pressentimento
De que chegou o instante
De abandonar o lamento

Quando se chega o momento
A tristeza não vigora
E sobre o velho jardim
Um novo jardim aflora
À luz do dia mais belo
Na cor da mais bela aurora!

Pois quando se abate a hora
A gente sente no ar
E de repente o espelho
Reflete no nosso olhar
Um brilho que só existe
Em quem vai se apaixonar!

Por isso pude notar
Que chegou a minha vez
Pois depois que vi Dadá
Esbanjando polidez
Meu olhar cintilou tanto
Que a noite se desfez!

Que ao me olhar Dadá fez
Com que eu me superasse
E da cova do sofrer
Sorrindo eu me levantasse
Foi Dadá que imprimiu
Esse riso em minha face!

E sem ter o que disfarce
Todo bem qu’ela me dá
Eu inventei esta graça
Pra declarar pra Dadá
Que mulher igual a ela
Nesse planeta não há!

Chegue Dadá, vem pra cá
Vem ficar juntinho d'eu
Vem pra fazer companhia
A esse jeitinho teu
Que já fincou moradia
Cá dentro do peito meu!

João Pessoa, 21/11/2010.

Um comentário:

Brinquedistas disse...

Nunca fiquei tão feliz por me chamarem de DADÁ
mesmo não sendo eu a quem tu vens a cantar.
Parabéns Poeta!!